O que define a experiência estética?
O que faz da experiência estética uma experiência diferente?
A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA - SEUS ELEMENTOS, CARACTERÍSTICAS E TIPOS
Como em qualquer experiência humana, na experiência estética existe sempre um objecto a experienciar, um sujeito que experiencia e um contexto de experienciação. Vejamos:
- o sujeito ou pessoa que experiencia: pode ser o leitor/espectador, o artista/autor, o crítico;
- o objecto ou aquilo que provoca a experiência: a obra de arte (que pode ser pintura, música, dança, escultura, etc.);
- a relação entre sujeito e objecto: o efeito que a obra de arte provoca no sujeito (emoções, sensações, ideias, imagens);
- o contexto (social, político, económico, cultural, etc.) em que se dá essa relação;
- o conjunto de significações existentes no espaço e tempo em que decorre e que fazem parte de uma história e tradições.
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A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA É UMA EXPERIÊNCIA DESINTERESSADA
Isto é, não temos qualquer interesse prático, ela não é um meio para satisfazer uma necessidade mas vale por si.
Ver um desafio de futebol também é uma experiência desinteressada e não é uma experiência estética: A experiência estética produz-se com objectos estéticos.
Objectos estéticos são os objectos encarados na sua forma, harmonia,cor que afectam a nossa sensibilidade estética.
Exemplo: Um concerto, Uma dança, uma peça, um filme, um pôr do sol. Objectos sobre os quais podemos emitir juízos estéticos como:“É Belo!”, “Emocionou-me!”, “ A 9ª sinfonia é uma obra-prima!”
A experiência estética pode decorrer da contemplação ou da produção/criação de um objecto.
1. O artista cria a obra e transfigura a realidade, tem portanto a experiência dessa transfiguração.
2. O receptor, aquele que é surpreendido no seu quotidiano pela forma de determinado objecto que lhe provoca admiração e emoção.
3. O crítico de arte que vai ao encontro do objecto artístico para o avaliar, segundo o seu gosto mas também segundo determinado conhecimento.
O problema da justificação dos juízos estéticos
O que é um juízo estético?
É um acto mediante o qual formulamos uma proposição que atribui determinada qualidade estética (beleza, sublimidade, fealdade) a um objecto: “Este palácio é belo” ou «O Requiem de Mozart é uma obra-prima» e «O Padrinho de Francis Ford Coppolla é um filme magnífico».
O problema com o juízo estético é o seguinte: muitas pessoas julgam determinadas coisas belas enquanto outras discordam. Então o que fazemos quando dizemos que algo é belo ou feio, magnífico ou vulgar? Estamos somente a declarar o que sentimos (prazer ou desprazer) quando contemplamos um objecto ou estamos a referir algo que são propriedades do próprio objecto que são independentes do que sentimos?
Duas teorias sobre o juízo estético:
O objectivismo estético e o subjectivismo estético
Estas teorias pretendem responder à questão: Quando emitimos um juízo estético “É Belo” falamos de uma qualidade que está no objecto? ou Falamos de uma emoção ou sentimento que surge em nós pela presença do objecto?
O Objectivismo atribui ao objecto uma determinada qualidade estética.O Subjectivismo atribui ao sujeito a capacidade de se deixar tocar de um determinado modo.
Objectivismo estético:
TESE: Um objecto é belo em virtude das suas qualidades e não em virtude do que sentimos quando o observamos.
Argumento: As propriedades da beleza existem mesmo no objecto e são independentes dos sujeitos que os observam. Quer o sujeito veja a beleza do objecto ou não esta não depende do seu juízo. A beleza está nas coisas e não nos olhos de quem vê. Se nem todos gostam do “David” de Miguel Ângelo, não é por não ser belo mas porque não conseguem descobrir na sua forma a beleza. O problema está então no sujeito que não reconhece a beleza que existe no objecto. Se há desacordo estético, isso não quer dizer que o gosto estético seja subjectivo mas apenas que os diferentes sujeitos não se apercebem, por dificuldades culturais, intelectuais ou sensíveis, das qualidades reais do objecto e por isso ajuízam erradamente.O juízo estético será semelhante a um juízo científico. Há juízos verdadeiros e falsos. Caso descrevam ou não as qualidades intrínsecas do objecto.
Para um objectivista:O Belo distingue-se por uma série de qualidades estéticas tais como:
a. A proporção das partes que compõem o todo
b. O equilíbrio da forma
c. A unidade do todo e das partes
d. A Harmonia da figura
e. Perfeição
f. Diversidade (Exotismo?)
g. Há características específicas (dependendo das formas de arte) e características gerais: Unidade, Complexidade e Intensidade.
Intuicionismo (outra forma de objectivismo): propriedades do Belo não são empíricas por isso não podem ser apercebidas pelos sentidos (Platão). O Belo é não se pode definir, tão pouco se pode descrever. Sabemos que é Belo por uma intuição.O dom natural para ter a percepção do Belo, só alguns o têm.
Subjectivismo estético:
Tese: Dizemos que um objecto é belo em virtude do que sentimos quando o observamos.
Argumento: A beleza não existe, é o nome que se dá às coisas que nos produzem agrado. Assim, o belo depende do nosso gosto, depende do modo como a nossa sensibilidade se deixa afectar pelos objectos. Assim o mesmo objecto afecta duas pessoas de diferentes modos porque elas têm diferentes sensibilidades. É Belo, porque gosto, porque me causa prazer ouvir ou contemplar um determinado objecto, daí que esse objecto, porque me agrada, seja considerado um objecto estético. Apesar de diferentes gostos é possível haver um padrão de gosto, esses padrões resumem-se a certos valores culturais assumidos por todos. Isso permite ultrapassar o cepticismo de que gostos não se discutem. O gosto também pode ser treinado e educado, pela experiência e pela discussão. Comparar e conhecer várias obras diferentes permite educar a sensibilidade. Preconceitos e modas também influenciam os juízos de gosto. Podemos justificar racionalmente os nossos juízos estéticos.
Kant e a objectividade dos juízos estéticos
Não sendo um objectivista, Kant tentou mostrar em que consistiria a objectividade ou universalidade do juízo estético. Kant não admite que juízos como “Este quadro é belo” ou “Esta tempestade sobre o mar é sublime” sejam meras opiniões pessoais. No seu entender, quando atribuímos beleza a um dado objecto, estamos convictos de que assim deve ser também para os outros sujeitos. O que torna legítima esta pretensão? O que me dá direito a julgar assim não só em meu nome como também em nome dos outros?
Embora não possamos demonstrar por que razão algo é belo (como diz Kant, o belo é o que satisfaz universalmente sem conceito), não podemos resignar-nos a aceitar que as nossas avaliações sobre a beleza sejam meros gostos pessoais como, por exemplo, gostar de futebol ou de arroz de tamboril. Há uma exigência de universalidade do nosso juízo. Esta exigência fundamenta-se na existência ideal de um padrão de gosto comum a todos os seres humanos, que permitiria avaliar os objectos estéticos da mesma forma.
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