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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Estados (des)Unidos






PERSUASÃO

É o bom uso da retórica.

Tenta levar-se um auditório a aderir a uma tese ou a uma acção.

Não se impõe nada, dá-se liberdade aos ouvintes para reflectirem e decidirem individualmente.


1. O orador procura ajudar a ultrapassar as limitações da racionalidade do auditório.
2. Há uma relação de igualdade entre orador e ouvintes, estes são respeitados por aquele.
3. Os objectivos da argumentação estão definidos e são claros, há transparência.
4. Há autores que chamam à persuasão "retórica branca" ou persuasão racional.
5. Fomenta-se o espírito crítico e a autonomia de cada um.
6. O orador vê os ouvintes como seres iguais a si e aceita a decisão deles.
7. A persuasão é moralmente aceitável porque há um uso racional da palavra e "o outro" é visto como um outro "eu".

MANIPULAÇÃO
É o mau uso da retórica.
1. É fazer com que outros aceitem ou realizem algo contra os seus melhores interesses.
2. Há uma imposição, tentando evitar a reflexão e a liberdade de decisão dos ouvintes.
3. O manipulador procura usar a seu favor as limitaçãoes da racionalidade do auditório.
4. Há uma relação vertical, desigual, em que os ouvintes são usados como instrumentos ao serviço do manipulador.
5. Os objectivos são escondidos ou apresentam-se de forma confusa para não suscitar reflexão, não há transparência.
6. Há autores que chamam à manipulação "retórica negra" ou persuasão irracional.
7. O manipulador tenta evitar o espírito crítico e procura desviar as atenções do próprio tema que se devia debater, anulando ao máximo a autonomia dos ouvintes e a sua capacidade de avaliação da situação.
8. Na manipulação há um desprezo claro pela individualidade e liberdade de decisão dos ouvintes.
9. O manipulador vê os ouvintes como seres inferiores, que ele usa em proveito próprio.
10. A manipulação é moralmente inaceitável porque há má fé e desrespeito pelos outros, os quais são considerados como meios ao serviço de alguém com objectivos ocultos.


http://fil11.blogspot.pt/2008/01/persuaso-e-manipulao.html

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"O Elogio a Helena" - Um exemplo da arte de discursar de Górgias


“O discurso é um grande e soberano senhor, o qual, por meio de um corpo pequeníssimo e muito subtil, diviníssimas acções opera. É possível, pois, pelas palavras, tanto acalmar o medo e afastar a dor quanto engendrar a alegria e intensificar a compaixão. Mostrarei que assim são estas coisas.
É necessário também mostrar, pela opinião, aos ouvintes: Considero e designo toda a poesia como discurso metrificado: um estremecimento de medo bastante espantado, uma compaixão que provoca lágrimas abundantes, uma saudade nostálgica entra no espírito dos que a ouvem. A alma é afectada (uma afecção que lhe é própria), por meio das palavras, por sucessos e insucessos que concernem a outras coisas e outros seres animados. Mas passemos de um a outro discurso.
Pois os mágicos e sedutores cantos, por meio de palavras, inspirados pelos Deuses, produzem prazer afastando a dor. Pois o poder do mágico canto, que nasce com a opinião da alma, encanta-a, persuade-a e modifica-a por fascinação. Duas artes são descobertas: a fascinação e a magia, que são as instabilidades do espírito e os enganos da opinião.
Quantos persuadiram e persuadem outros tantos a propósito de outras tantas coisas forjando um falso discurso! Se, com efeito, todos, acerca de todas as coisas, tivessem tanto a memória das coisas passadas quanto a noção das coisas presentes, quanto a presciência das coisas futuras, o discurso não seria o mesmo para os que agora não podem facilmente nem lembrar o passado nem examinar o presente, nem predizer o futuro. De modo que os muitos, acerca de muitas coisas, buscam pela alma a opinião conselheira. A opinião (doxa), sendo incerta e inconstante, lança a incertos e inconstantes sucessos os que a ela se confiam.
Com efeito, que motivo impede ter também Helena ido para Tróia, de igual modo, sob a influência das palavras, não agindo de modo espontâneo, do mesmo modo que se fosse abraçada por poderosíssima força? Na verdade, o modo de ser da Persuasão de maneira alguma se parece à necessidade, mas tem o mesmo poder. Pois o discurso persuasivo impele a alma, constrangendo-a tanto a crer nas coisas ditas quanto a concordar com as coisas feitas. Com efeito, aquele que a persuadiu e a constrangeu é injusto, aquela que foi persuadida e constrangida tem uma reputação desonrosa em vão.
[Quanto ao fato de] que a Persuasão, enquanto propriedade do discurso, modela também a alma como quiser, é necessário primeiro observar os discursos dos filósofos que estudam os fenómenos celestes, os quais, descartando uma opinião por preferência a outra opinião por eles engendrada, fazem surgir coisas inacreditáveis e invisíveis aos olhos, por meio da opinião. Em segundo lugar, as necessárias assembleias, nas quais um único discurso, composto por arte, mas não dizendo verdades, encanta e persuade numerosa multidão; em terceiro lugar, os combates dos discursos dos filósofos, nos quais a rapidez do pensamento se apresenta como mudando facilmente a crença da opinião.
A mesma relação tem também a potência do Lógos em relação à boa ordem da alma e a potência dos medicamentos com relação ao estado natural dos corpos, pois do mesmo modo que certos medicamentos expulsam do corpo certos humores, e uns suprimem a doença, outros, a vida, do mesmo modo também, dentre as palavras, umas afligem, outras encantam, outras amedrontam, outras estabelecem confiança nos ouvintes, outras, por meio de sórdida persuasão, envenenam e enganam a alma.
E que se diga: Helena, se foi convencida pelo discurso, não cometeu uma injustiça, mas foi desafortunada.”
|Górgias, “Elogio de Helena” (Excerto)
http://www.paraibaonline.com.br/coluna.php?id=40&nome=O%20Elogio%20de%20Helena

Actividades:

1. A partir duma análise do texto, faça o levantamento das propriedades do discurso persuasivo.
2. Pode afirmar-se, de acordo com Górgias, que a persuasão é uma forma de manipulação? Justifique a sua resposta com base numa interpretação do texto.
3. Górgias considera que a Razão (Lógos) está ligada à Verdade? Justifique.
4. Este texto de Górgias ainda faz sentido nos nossos dias? Porquê?
5. Faça o levantamento de instâncias persuasivas presentes na nossa sociedade.
6. Qual a forma de persuasão que pode ser mais perigosa? Porquê?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Princípios da Democracia Ateniense


O que é a democracia?

O termo ‘democracia’ decompõe-se em:
‘Demos” = Povo
‘Cracia’ = Governo

Assim, a definição etimológica  do termo democracia será: 

‘Governo do povo’.
_________

A democracia surgiu na Grécia antiga em 508 a.c.

Esta forma de governo baseava-se nos seguintes princípios:

Isocracia 

“É o ideal da igualdade de acesso aos cargos políticos. Foi usado na Grécia Antiga, assim todos os cidadãos atenienses tinham o direito e o dever de participar na vida política da Pólis. As decisões normalmente tomadas em conjunto respeitavam a vontade da maioria, pois todos tinham igual direito de voto.” wikipedia
Isocracia significa ‘igualdade no acesso ao poder’ (kratos) e implica que todos os cidadãos tenham não apenas o direito e obrigação de eleger os seus chefes, mas também que eles próprios possam vir a ser eleitos para desempenhar funções nos diferentes órgãos existentes na pólis.

Isonomia

Isonomia é o conceito mais importante, na medida em que acaba por englobar os restantes e, por isso, ocorre nas fontes antigas como sinónimo do tipo de constituição que coloca o poder no demos ou ‘povo’ (i.e. a democracia). Isonomia significa, à letra, ‘igualdade perante a lei’ (nomos). Em consequência, todas as pessoas que detêm o estatuto de cidadão devem poder gozar dos mesmos direitos previstos na lei, entendida como expressão da vida em comunidade (pólis) e que representa, por isso, a garantia de estabilidade no interior dessa mesma comunidade.

Isegoria

Isegoria, pode ser traduzida por ‘igualdade no acesso à palavra’ ou, para usarmos a expressão consagrada, ‘liberdade de expressão’. Tratava-se de uma prerrogativa fundamental para o exercício activo da cidadania na assembleia, no conselho e nos tribunais ou então, numa equivalência mais directa do termo, naquele que era o espaço por excelência da intervenção pública: a ágora.

E os Gregos anunciavam esse direito através do recurso a uma fórmula breve, cuja sonora simplicidade ainda hoje continua válida e eficaz: «Quem deseja usar a palavra?».