sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A importância dos Sofistas

Contas feitas, depois de dois milénios e meio, damo-nos conta que o nosso mundo actual está muito próximo da visão do homem e da vida dos Sofistas. Hoje nas sociedades mais avançadas, marcadas pelo multiculturalismo e pelo acelerado processo de mundialização, acentuado pelo desenvolvimento da Internet e dos outros meios de comunicação, vive-se um relativismo muito próximo daquele que esteve na base da prática dos grandes mestres da sofística antiga.
Por outro lado, há uma valorização crescente da persuasão, por via da publicidade e do marketing político. As democracias ocidentais assumem-se como regimes políticos abertos, capazes de incorporarem reformas profundas das suas instituições, sem o recurso à violência, estabelecidas com base no consenso obtido através da argumentação persuasiva.
A palavra é de novo rainha, não a palavra entendida como um oráculo divino, mas a palavra instrumento de comunicação e veículo de ideias partilháveis, mobilizadoras em termos políticos. A opinião pública é um dos esteios da democracia - trata-se da Doxa reabilitada como importante meio de agregação social que garante, ao mesmo tempo, a coesão social e, também, se torna um dos alvos do discurso político e da acção política. O que coloca a liberdade de expressão como um dos valores mais importantes das democracias modernas.
No entanto, não vivemos num mundo perfeito: existem inúmeros dispositivos de manipulação da opinião pública e da adesão dos cidadãos a crenças e valores dependentes de interesses que lhes são alheios, ou que estão ligados a estratégias de poder que, em si, não têm nada de democrático.
Os cidadãos só poderão estar a salvo destes mecanismos de manipulação se tiverem ferramentas conceptuais que lhes permitam desmontá-los e entender as suas dinâmicas internas. Para isso há que apostar na educação, as pessoas devem desenvolver a sua razão, duma forma livre, criativa e crítica, para poderem ser agentes duma soberania democrática consciente e responsável.
Por estas razões só nas últimas décadas se começou a olhar os sofistas sem os preconceitos nascidos da ofensiva que contra eles foi lançada por Platão. Platão responsabilizou-os pela condenação à morte de Sócrates, o seu mestre e procurou defender a Filosofia como alternativa à sofística, encarada como uma prática sem ética e sem qualquer preocupação com a verdade.
Sócrates, contudo, não deixou de esgrimir as armas retóricas que os sofistas levaram a uma perfeição nunca ante vista, sem os sofistas Sócrates não teria existido.
Sócrates trouxe a filosofia para o centro da cidade (Pólis), tendo destruído os muros das escolas, algumas delas completamente fechadas à sociedade circundante - como é o caso da escola pitagórica - assumiu-se, enquanto filósofo, como um 'moscardo' que tinha como missão libertar os seus concidadãos da sua ignorância. Se tomarmos a alegoria da caverna como um roteiro do projecto socrático, podemos ver que Sócrates tinha uma intenção subversiva aos olhos dos que tomavam a sociedade como o esteio da vida humana.
Os sofistas não viviam nas nuvens - essa era a imagem recorrente que os gregos comuns colavam ao 'ofício' de 'filósofo' - eles acreditavam na solidez das instituições sociais e na densidade antropológica da cultura (Paideia) que era o verdadeiro cimento da Pólis.
O que Sócrates procurou foi secundarizar a cultura da cidade e torná-la dependente dum conjunto de valores universais, que seriam a base inabalável de um saber fundamental, propiciador de uma verdade não sujeita à volatilidade das paixões humanas. Na verdade estamos a falar do Sócrates de Platão, um Sócrates algo divinizado, transformado num modelo de filósofo que acabou por se tornar dominante na civilização ocidental. Mas podemos compreender que aos olhos dos seus contemporâneos Sócrates não tenha passado dum iconoclasta que pretendia destruir os alicerces da Pólis, a sua Cultura, sem ter nada na manga que os substituísse. Daí a sensação de perigo que a sua acção terá suscitado nos atenienses que o condenaram à morte. Talvez Sócrates, depois de morto, tenha sido elevado à condição de filósofo-modelo por ter vivido como o mais exímio dos sofistas.
Mas mesmo que esses valores existissem, a proposta socrática acabaria por tomar a forma de uma profunda revolução social, dado que os estatutos e os papéis sociais em uso corrente na Atenas daquele período dependiam do sistema de valores que davam sentido à vida na Pólis.
Os sofistas, por seu lado, reforçavam essa estrutura social, ao garantirem que o discurso pudesse ser submetido a um controlo social: o jogo da persuasão não envolve os valores fundamentais, uma vez que estes estão reduzidos ao mínimo que garante a coesão social. Mas isto não impedia a sociedade ateniense de ser sacudida ciclicamente por violentas convulsões políticas.
E é isso que leva Platão a defender um ideal de sociedade que não tem nada de democrático - Karl Popper defende na sua obra A sociedade aberta e os seus inimigos que Platão é um dos principais teóricos do totalitarismo que desembocou, no século XX nos regimes nazi e soviético.
Os sofistas são defensores de uma concepção de educação que hoje ainda nos é muito cara: a ideia de que há uma cultura geral agregadora dos homens numa comunidade que ultrapassa em muito os muros da Cidade e que permite não só uma convivência social entre iguais, mas também, uma abertura à diferença, encarada como constitutiva do ser humano, encarado com o uma individualidade que se compreende como portadora de um interesse auto-centrado que, sem colidir com o interesse geral ou grupal, se constitui como um foco dinamizador da acção social e da vida comunitária. Dito por outras palavras: os sofistas são talvez os primeiros defensores da radicalidade ontológica do indivíduo.


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Os Sofistas




Para além de formar o homem, a educação deve, sobretudo, formar o cidadão. A finalidade cívica da educação passa, claramente, a primeiro plano. É originariamente grega a ideia, tão actual, de que a educação é a preparação para a cidadania.


Habitante da Pólis, o homem só é o que é porque vive na cidade e sem ela não é nada. E o que diz respeito à cidade, é comum, isto é, afecta a todos enquanto comunidade e afecta cada um enquanto cidadão ou membro dessa comunidade. Neste sentido, é evidente que, antes de mais, o homem é um político (zoon politikon), como bem o captou Aristóteles, distinguindo-o, assim, do animal pela sua qualidade de cidadão; e o Biós politikos, que é a forma própria e sublime da vida do homem como habitante da pólis.


A consciência da cidadania desde cedo faz sentir a necessidade de uma nova educação, uma vez que, a antiga educação, com o seu receituário básico, simples e elementar de ginástica e música, não servia para a formação do cidadão, nem correspondia às novas necessidades individuais nem às novas exigências sociais e políticas.


Politicamente, a forma democrática de organização do Estado foi a forma de governo escolhida pela Cidade-Estado de Atenas. Ora, no estado democrático ateniense, a exigência de todos os indivíduos enquanto homens livres, ou seja, cidadãos, participarem activamente no Estado e na vida pública são deveres cívicos, e assim a participação nas assembleias torna-se indispensável. Neste contexto, compreende-se que tenha surgido uma nova estirpe de "educadores", os sofistas - com o estrondoso sucesso que se lhes conhece - que se apresentam como professores no sentido actual do termo, (os primeiros professores da história) e que oferecem, a troco de dinheiro (só por curiosidade, Protágoras pedia dez mil dracmas pelos seus serviços!... Note-se que uma dracma representava o salário diário de um operário qualificado...) o ensino da "virtude", o ensino da aretê política ou, como também lhe chamam os sofistas, a technê política (technê, em grego, significa técnica, ofício, habilidade, arte, ciência aplicada).


Os sofistas convertem, pois, a educação numa técnica ou numa arte, na qual eles são mestres e, por isso, capazes de a transmitirem e de a ensinarem. Assim os jovens, seus alunos, que vierem a dominar a technê política alcançarão, a aretê política.


Mas esta technê política, está em conexão com as finalidades práticas que se propõe - formação de homens de Estado e de dirigentes da vida pública - e vai conduzir à valorização do homem (cidadão individualmente considerado) e vai orientar-se num sentido amoral ou mesmo imoral. Os seus contemporâneos vão acusar os sofistas de imoralidade.


Deste modo, um homem situado no coração da pólis, quer vencer na vida política, quer fazer valer os seus interesses ou as suas convicções, quer ganhar um lugar de destaque, quer ser eleito para cargos públicos, quer ser governante e aceder ao poder. Para isso, para ter êxito político, precisa de saber falar bem, de encantar o auditório, de construir discursos persuasivos, de formular os argumentos que justifiquem e validem as suas posições, fazendo-as prevalecer como as melhores. Precisa, pois, da arte sofística da oratória, da retórica e da dialéctica. Mas porque o que é necessário é ter sucesso na vida pública e política, vencer a todo o custo e a qualquer preço, e isso só é possível convencendo os outros das minhas razões, retórica e dialéctica tornam-se armas potentíssimas que é preciso saber esgrimir com perícia; técnicas cujo domínio permite utilizá-las segundo as nossas conveniências, mas técnicas que se podem aplicar a qualquer conteúdo. Ora, os artífices desta técnica são os sofistas, ("Sofistas e oradores são a mesma coisa" PLATÃO, Górgias, 520b), pelo que o Górgias, condenando a retórica que conduz à imoralidade, condena simultaneamente toda a sofística.


Não admira que os sofistas venham a ser acusados de imoralidade, de administrar uma educação perversa e pervertida, de corromper a juventude e de sublevar os valores tradicionais, minando as bases da ordem social e da política estabelecida.


Para saber um pouco mais...


O palco dos sofistas? As casas particulares, as aulas improvisadas... Os sofistas viajavam de cidade em cidade à procura de alunos, levando consigo aqueles que já conseguiam arrebanhar. Poderão eles ser considerados pensadores? Talvez apenas pedagogos, educadores dos homens. Por um lado, educadores do espírito pela transmissão de um saber enciclopédico; por outro, a formação do espírito nos seus diversos campos. Um grande antagonismo espiritual... "Ao lado da formação meramente formal do entendimento, existiu igualmente nos sofistas uma educação formal no mais alto sentido da palavra, a qual não consistia já numa estruturação do entendimento e da linguagem, mas partia da totalidade das forças espirituais. É Protágoras quem a representa." Para este sofista, são a poesia e a música as principais forças modeladoras da alma, assim como a gramática, a dialéctica e a retórica. Sempre em busca da conquista de plateias, os sofistas procuravam desenvolver o dom de pronunciar discursos convincentes e oportunos, usando palavras decisivas e bem fundamentadas.


Os sofistas vinculam-se à tradição educativa dos grandes poetas, desde Homero a Hesíodo, de Simónides a Píndaro. Estes últimos tornaram a poesia no palco de uma discussão intensa sobre educação, ao levarem o problema da possibilidade de ensinar a arete para os seus poemas. Os sofistas fizeram o resto, fornecendo livros dos grandes poetas aos seus discípulos e transportando para o seio da sua prosa artística os mais diversos géneros de poesia moral e interpretando, metodicamente, os grandes poetas, a cujos ensinamentos se vincularam afincadamente. No entanto, esta interpretação era fria, imediata e intemporal. Os sofistas não embebiam o poema em si, mas sim todo o conhecimento que este lhes pudesse transmitir. Para eles, Homero é uma útil enciclopédia, onde figuram regras fulcrais para a vida e todos os conhecimentos humanos, como a construção de carros, as estratégias... "A educação heróica da epopeia e da tragédia é interpretada de um ponto de vista francamente utilitário." Para os sofistas, o uso dos poemas justifica-se pelo facto de estes permitirem alcançar uma pronúncia e dicção correcta das palavras.
Olga Pombo, http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/protagoras/links/sofistas.htm

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Sobre a Sofística

“O choque provocado pelos sofistas – sucesso e escândalo – na sociedade ateniense foi profundo. Ele reflecte-se na literatura da época, nomeadamente no teatro de Eurípides e de Aristófanes, que desde os anos 430 para o primeiro e 420 para o segundo põem em cena as múltiplas formas que a arte da palavra assume, maravilhando-se com o poder do discurso e das inovações recentes introduzidas neste domínio, mas denunciando os discursos demasiado hábeis e os professores de subtileza argumentativa, empregando as palavras sophos, sophisma e sophistês. Textos escritos mais tardiamente, mas referindo-se ao mesmo período do último terço do século V, contêm um testemunho semelhante: em particular certos diálogos de Platão, nos quais Sócrates conversa com os principais sofistas sobre retórica, ou tal passagem de Tucídides que faz dizer a Cléon, em 427, que os Atenienses, apaixonados pelas justas de palavras e por argumentos novos, importam os procedimentos dos sofistas para a eloquência deliberativa e transformam esta em política-espectáculo: «gentes dominadas pelo prazer de escutar», são, quando se sentam na assembleia, «semelhantes mais a um público lá instalado para sofistas do que a cidadãos que deliberam sobre a sua cidade» (Tucídides, III, 38, 7). A atracção pedagógica que exerciam os professores de eloquência traduz-se no topos da visita ao sofista, que consiste em mostrar um futuro aluno ansioso por ser aceite pelo mestre e pronto a se lhe entregar com toda a confiança, contanto que ele o ensine a falar (Aristófanes, Nuvens, 427 e ss.; Platão, Protágoras, 312).
A convergência destes textos, tão diferentes nos seus objectivos, atesta a amplitude das inovações introduzidas pelos sofistas. Desde logo, a sofística e a retórica serão ligadas para sempre no pensamento antigo, mesmo se a sofística não se reduz à retórica, mesmo se numerosos oradores se recusam a ser apelidados de sofistas. Platão insiste nisso não sem malícia: a despeito de todas as diferenças que podem ser estabelecidas entre as duas categorias, «sofistas e oradores confundem-se, misturam-se, sobre o mesmo domínio, em torno dos mesmos assuntos» (Górgias, 465 c, 520 a). E de facto, com os sofistas, a palavra constitui-se em disciplina autónoma e teorizada. O objecto «falar» foi isolado e torna-se em si mesmo objecto de reflexão e de arte. Esta arte engloba as teorias sobre a persuasão e sobre os fundamentos filosóficos do discurso, investigações técnicas (no domínio da argumentação e do estilo), um ensino. Os discursos começaram a ser publicados e não apenas pronunciados. O cadinho destas inovações foi Atenas, onde todos os sofistas permaneciam mais ou menos longamente.”

Laurent Pernot, La rhétorique dans l'antiquité, pp. 34-36.
(Adaptado)


O ensino

“A prática oratória apoiava-se sobre um ensino muito activo. Numerosos eram os mestres de retórica existentes em Atenas, desde os mais reputados aos mais modestos. Numerosas eram as escolas, caracterizadas por níveis diferentes e finalidades diferentes. Podia aprender-se a falar, como disse Platão, seja em vista da «arte» (tekhnê), seja em vista da «educação» (paideia) (Protágoras, 312), quer dizer, seja a fim de fazer da retórica uma profissão, seja de maneira desinteressada, a fim de se instruir e de se cultivar. Os métodos eram certamente variados e em grande parte orais. Pode facilmente imaginar-se que compreendiam lições teóricas, estudos de casos, a aprendizagem de discursos modelos propostos pelo mestre, exercícios práticos de composição, sobre assuntos reais ou fictícios, e ainda justas entre estudantes, sem esquecer o treino do gesto e da voz.
A escola que conhecemos melhor é a de Isócrates [...]. O ciclo de estudos durava até três ou quatro anos. Os estudantes, vindos não apenas da Ática, mas de todo o mundo grego, pagavam honorários elevados e ofereciam presentes, mediante os quais lhes eram propostos dois modos de ensino. Primeiro, sobre o que o mestre chamava as ideiai, palavra muito ampla que designa todas as «formas» do discurso, desde o conteúdo (acusação, elogio, etc.) até às figuras de estilo, passando pelas ideias, os temas e as formas de raciocínio, ou seja, todo o espectro da arte da palavra. Depois a audição de discursos compostos pelo mestre, que eram discutidos e explicados em comum, numa atmosfera de seminário [...]. Para além dos preceitos técnicos, Isócrates considerava fornecer uma formação completa, ao mesmo tempo intelectual e moral, em nome da convicção de que não é possível falar bem sem pensar bem e ser um homem de bem. Realista, até mais não, o mestre sublinhava que a educação não pode tudo e que ela não dá frutos, a menos que encontre um terreno favorável: as lições e os exercícios devem apoiar-se sobre os dons naturais. Os numerosos alunos saídos da escola de Isócrates ilustram o carácter generalista duma educação que formou oradores, escritores (como os historiadores Teopompo e Éforo), cidadãos activos nos negócios públicos e homens políticos importantes, entre os quais o estratego Timóteo, filho de Conon.
O ensino ateniense recorria a textos escritos: discursos-modelos, recolhas de exórdios e de perorações, e sobretudo a esses manuais ou tratados a que chamavam Tekhnai («Artes», subentendido «de retórica»). Os Tekhnai, na maior parte, incidiam sobre o género judiciário; utilitários, forneciam os meios de compor sem esforço um defensor.”

Laurent Pernot, La rhétorique dans l'antiquité, pp. 60-61.
(Adaptado)


A Retórica

“Esta, dizíamos, é uma arte. Este termo, tradução do grego technè, é ambíguo, e é-o mesmo duplamente. Primeiro, porque designa igualmente bem um saber-fazer espontâneo como uma competência adquirida pelo ensino. Em seguida, porque designa ora uma simples técnica, ora pelo contrário o que na criação ultrapassa a técnica e pertence ao «génio» do criador. Em qual ou em quais destes sentidos se pensa quando se diz que a retórica é uma arte? Em todos.
Em primeiro lugar, existe uma retórica espontânea, uma aptidão para persuadir pela palavra que não é talvez inata — não entremos aqui neste debate —, mas que também não é devida a uma formação específica; e, depois, uma retórica que se ensina, sob o nome, por exemplo, de «técnicas de expressão e de comunicação», e que serve para formar vendedores ou homens políticos, a ensinar-lhes o que outros vendedores, outros homens políticos, parecem saber naturalmente. Quais são os mais eficazes, quais sabem «melhor como preceder»? Sem dúvida os segundos. Mas nos segundos, tal como nos primeiros, encontramos os mesmos procedimentos, intelectuais e afectivos, estes procedimentos que fazem da retórica uma técnica.
Mas trata-se de uma simples técnica? Não, trata-se de bem mais. O verdadeiro orador é um artista no sentido em que descobre argumentos tanto mais eficazes quanto não os esperávamos, figuras de que ninguém teria tido a ideia e que se revelam adequadas; um artista cujos desempenhos não são programáveis e não se impõem senão mais tarde. Les Provinciales de Pascal (sempre ele, mas em retórica é incontornável!) dão um belo exemplo; onde os seus amigos jansenistas esperavam uma argumentação técnica, que não teria deixado de ser enfadonha, Pascal retomou as mesmas ideias sob a forma de um panfleto irónico, eficaz porque claro e divertido, e que ainda nos diz respeito. A arte de persuadir criou bastantes obras-primas.”

Olivier Reboul, Introduction à la rhétorique, p. 6.
(Adaptado)
http://rotasfilosoficas.blogs.sapo.pt/32351.html

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http://sofistas.no.sapo.pt/

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