quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Argumentos sólidos e argumentos cogentes



Um argumento sólido é um argumento válido com premissas verdadeiras. vejamos o exemplo de um argumento obviamente mau, mas sólido:

Sócrates não era engenheiro.
Logo, Sócrates não era engenheiro.

Isto mostra que não basta um argumento ser válido e ter premissas verdadeiras para ser bom. Uma terceira condição para que um argumento seja bom é ter premissas mais plausíveis do que a conclusão. É isso precisamente que não acontece nos argumentos circulares.

O que é ser mais ou menos plausível? É o que um agente encara como mais ou menos provável, em função do seu estado cognitivo — isto é, em função das suas restantes crenças. Trata-se de uma noção epistémica (está ligada ao conhecimento), ao passo que a verdade é uma noção metafísica (está ligada à estrutura do real): a plausibilidade é relativa aos agentes, mas a verdade não. É verdade que a Terra se move ou não, independentemente do que as pessoas pensam sobre isso; mas um agente pode estar num estado cognitivo que não lhe permita saber que a Terra se move, e que lhe dê até boas razões para pensar que não se move.
Argumentar sem atender ao estado cognitivo das pessoas com quem argumentamos é perder tempo. Pois se não partirmos de premissas que tais pessoas considerem plausíveis, e mais plausíveis do que as conclusões a que desejamos chegar, os argumentos não persuadem — pois essas pessoas irão sempre rejeitar as premissas. Assim, argumentar é partir do que as pessoas consideram plausível e concluir validamente o que elas não aceitavam antes da nossa argumentação. Imaginemos duas pessoas a discutir a questão de saber se ter fé em Deus é racional na ausência de provas da existência de Deus. Para que esta discussão seja profícua é necessário que os argumentos usados por qualquer das partes se baseiem exclusivamente no que a outra parte considera plausível. Dito de forma mais clara: se eu sou crente e quero argumentar, perante um ateu, que a fé é racional na ausência de provas, só posso usar premissas que o ateu com quem estou a discutir considere plausíveis.


Concluindo, estas são as três condições necessárias da boa argumentação

1. usar argumentos válidos
2. usar premissas verdadeiras;
3. usar premissas mais plausíveis do que a conclusão

Chama-se “argumentos cogentes” aos que reúnem as três condições. 

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