Teste Sumativo 1 Outubro de 2014
Professor Paulo Gomes
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Leia todo o enunciado, antes de começar a responder.
Responda apenas ao que é pedido no enunciado das questões.
Seja original e crítico nas suas respostas.
Grupo I
Escolha apenas uma alternativa em cada questão
1. A palavra ‘Filosofia’ significa etimologicamente:
A. ‘Amor à sabedoria’;
B. ‘sabedoria do amor’;
C. ‘amor da sabedoria’;
D. nenhuma das alternativas anteriores está correta.
2. Das seguintes alternativas escolha a que se refere à radicalidade da filosofia:
A. A filosofia é um saber independente de qualquer outro saber ou de qualquer interesse ou poder exteriores a ela;
B. O filósofo não recua perante nada nem ninguém na busca da verdade;
C. A filosofia é fruto da História: tem uma tradição e radica a sua problematização nas solicitações de cada época histórica.
D. Os problemas da filosofia interessam a todos os seres humanos, do passado, do presente e do futuro.
3. A Lógica:
A. Estuda a estrutura e o funcionamento da linguagem;
B. estuda a estrutura do pensamento e as regras para a elaboração do raciocínio correto;
C. trata as formas de organização da vida comunitária;
D. é a filosofia da arte.
4. “Deus não existe nem deixa de existir”. Este enunciado:
A. Obedece ao princípio do terceiro excluído;
B. viola o princípio da não-contradição;
C. viola o princípio da identidade;
D. viola o princípio do terceiro excluído.
5. "A Filosofia distingue-se das ciências porque estuda a totalidade do real". Esta afirmação é:
A. Falsa, porque a Filosofia não é um saber racional;
B. verdadeira porque a Filosofia é uma ciência como as outras;
C. Falsa, porque a Filosofia é uma ciência como qualquer outra;
D. verdadeira, porque cada ciência tem um objecto de estudo específico.
6. Aristóteles afirma que a Filosofia começa com o espanto. Isto significa que:
A. Só pode ser filósofo quem reconhecer a sua ignorância;
B. a filosofia não se distingue do senso comum;
C. só os ignorantes podem filosofar;
D. em Filosofia não há qualquer conhecimento.
7. Na alegoria da caverna, a caverna representa:
A. a Filosofia;
B. a Filosofia e as ciências;
C. as sociedades primitivas;
D. o senso comum.
8. Podemos pensar de forma coerente, desobedecendo aos Princípios Lógicos da Razão?
A. Sim, se quisermos ser criativos;
B. nunca;
C. só quando não tivermos uma resposta conclusiva para um problema;
D. só nos casos em que não estiverem em causa verdades científicas.
9. "O senso comum é um saber completamente inútil". Esta afirmação é:
A. Falsa, porque a Filosofia é a melhor parte do senso comum;
B. verdadeira porque o senso comum só serve para nos atrapalhar;
C. Falsa, porque o senso comum serve para nos orientarmos nas tarefas quotidianas;
D. verdadeira, porque o senso comum só coloca questões, não dando respostas.
10. "Ousa saber! Tem a coragem de usares o teu próprio entendimento!". Esta afirmação de Kant refere-se a uma característica da Filosofia. A qual?
A. À historicidade;
B. à radicalidade;
C. à universalidade;
D. à autonomia.
Grupo II
Texto 1
A utilidade da filosofia
"Quem não tem umas tintas de filosofia é homem que caminha pela vida fora sempre agrilhoado a preconceitos que derivam do senso-comum, das crenças habituais do seu tempo e do seu país, das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada.
O mundo tende, para tal homem, a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os objectos habituais não levantam problemas, e as possibilidades não familiares são desdenhosamente rejeitadas.
Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente nos damos conta de que até os objectos mais ordinários conduzem o espírito a certas perguntas a que incompletissimamente se dá resposta. A filosofia, se bem que incapaz de dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca, sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito. Varre o dogmatismo, um tudo nada arrogante, dos que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica o sentimento de admiração."
Bertrand Russell
1. Identifique e formule o problema central do texto 1.
2. Qual é a tese central do texto 1?
3. Exponha o(s) argumentos(s) com que o autor justifica a tese central do texto.
4. Concorda com a tese central e os argumentos do autor? Justifique a sua resposta confrontado a filosofia com o senso comum.
Texto 2
Por que existe o Ser e não o Nada?
Já alguma vez parou para pensar como tudo começou? Sobre o início das coisas, o começo? Ou, talvez, o significado de “nada”? Quando nos referimos a “nada” é normal associar este termo a uma espécie de vazio ou vácuo. Mas será mesmo esse o seu significado? Na verdade, o que é o NADA?
“Nada: 1 coisa nenhuma; ausência quer absoluta, quer relativa, de ser ou de realidade; o que não existe. 2 nenhuma coisa, zero. 3 coisa sem importância ; (…) o não-ser;”
Ou seja, o nada não existe, definimos algo que não existe por nada.
Mas vamos supor o contrário. Se num passado muito longínquo, existisse o nada num estado absoluto, o “Nada Absoluto”, atualmente eu não teria escrito este texto, ninguém estaria a lê-lo, nem a própria folha existiria porque o “Nada Absoluto” estaria ainda presente, a completa ausência do ser. Pois, deste modo, não havia a possibilidade de algo ter sido criado nem gerado. Mas como todos sabemos, as coisas existem e eu e mais 7 bilhões de pessoas de carne e osso somos a prova viva que o nada simplesmente não existe e nunca existiu, mas sim o ser.
No entanto, mesmo que o “Nada Absoluto” nunca tenha existido, em algum momento da vida foi necessário algo que eternamente existiu. Mas o que seria essa coisa? O que nos leva mais uma vez ao enigma da explicação do início de todas as coisas, de todas as pessoas e do universo, no geral. Esta questão, que durante anos, leva a humanidade a tentar encontrar uma resposta exata. Uns optam por várias teorias que explicam mais cientificamente a criação do universo, tal como a Teoria do Big Bang ou mesmo em crenças mais religiosas relacionadas com Deus, que eu pessoalmente respeito, mas com as quais não concordo. /Bruna Ferreira 10ºE (2014/2015)
5. O texto 2 refere-se a uma das mais difíceis questões filosóficas. De acordo com o Princípio da Razão Suficiente é possível responder a esta questão. Explique porquê.
6. O texto 2 é um texto filosófico? Justifique a sua resposta tendo em conta as principais características da filosofia.
Grupo III
Este grupo é composto por uma questão de desenvolvimento.
Texto 3
Uma mulher norte-americana de 29 anos com um cancro cerebral terminal decidiu pôr fim à sua própria vida no próximo dia 1 de novembro. Mas, antes, associou-se a um movimento civil para pedir aos responsáveis políticos dos Estados Unidos o alargamento da legislação sobre a eutanásia a mais locais do país.
“Não há nenhuma célula suicida no meu corpo”, disse Brittany Maynard numa entrevista à People. Em janeiro deste ano, Brittany viu ser-lhe diagnosticado um glioblastoma multiforme de nível 4, uma forma severa de tumor cerebral com uma taxa muito baixa de sobrevivência. Na altura, os médicos deram-lhe seis meses de esperança de vida e Brittany optou por não fazer os tratamentos de radioterapia adequados à doença, que afetariam significativamente a sua qualidade de vida.
“O meu glioblastoma vai matar-me e isso está fora do meu controlo. Falei com muitos especialistas sobre como ia morrer disso e é uma forma terrível, terrível de morrer. Escolher morrer com dignidade é menos assustador”, afirma Brittany.
A doente lançou na segunda-feira um vídeo onde explica as razões da sua decisão. A iniciativa tem o apoio de um movimento civil, o Compassion & Choices, que criou, juntamente com Brittany, o The Brittany Maynard Fund, um site que tem como objetivo recolher donativos para aquele movimento, que luta pela expansão da eutanásia de pacientes terminais a todos os estados dos Estados Unidos da América.
Atualmente são cinco os que permitem a morte medicamente assistida. Depois de tomar a decisão sobre a sua própria morte, Brittany e o seu marido mudaram-se de São Francisco, no estado da Califórnia, para Portland, no Oregon, um dos estados que tem legislação que permite a eutanásia por motivos médicos. Para a morte ser autorizada, o estado de saúde do doente tem de ser atestado por dois médicos que, depois, fornecem medicação própria para o efeito.
Há pouco mais de duas semanas, Brittany foi hospitalizada brevemente, mas logo após a alta retomou a sua atividade física normal, que em tempos a levou a escalar o Kilimanjaro. “Quero mesmo festejar o aniversário do meu marido, que é a 26 de outubro”, afirma, para explicar porque escolheu 1 de novembro para a data da sua morte. “Estou a ficar cada vez mais doente, tenho cada vez mais dores”, refere.
No dia 1 de novembro, quando morrer, aos 29 anos, Brittany Maynard estará acompanhada pela sua mãe, pelo seu marido e por um amigo próximo. Morrerá no seu quarto, ouvindo música de que gosta.
observador.pt
1. Concorda com a decisão de Britney? Responda a esta questão justificando argumentativamente a sua posição sobre a eutanásia e aplicando-a a este caso concreto.
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Correção:
Grupo I
1. A;
2. B;
3. B;
4. D;
5. D;
6. A;
7. D;
8. B;
9. C;
10. D.
Grupo II
Texto 1
" /Argumento 1/ Quem não tem umas tintas de filosofia é homem que caminha pela vida fora sempre agrilhoado a preconceitos que derivam do senso-comum, das crenças habituais do seu tempo e do seu país, das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada.
/Argumento 2/ O mundo tende, para tal homem, a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os objectos habituais não levantam problemas, e as possibilidades não familiares são desdenhosamente rejeitadas.
/Argumento 3/ Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente nos damos conta de que até os objectos mais ordinários conduzem o espírito a certas perguntas a que incompletissimamente se dá resposta.
/Argumento 4/ A filosofia, se bem que incapaz de dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca, sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito.
Varre o dogmatismo, um tudo nada arrogante, dos que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica o sentimento de admiração."
/Argumento 4/ A filosofia, se bem que incapaz de dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca, sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito.
Varre o dogmatismo, um tudo nada arrogante, dos que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica o sentimento de admiração."
1. O problema central do texto pode ser formulado através das seguintes questões:
Qual a função da Filosofia?
Para que serve a Filosofia?
A Filosofia tem utilidade? Qual?
2. A tese central do texto encontra-se no excerto sublinhado: A função principal da filosofia é libertar-nos do dogmatismo do senso comum.
3. No texto é possível identificar quatro argumentos que sustentam a tese central:
/Argumento 1/ As pessoas que não cultivam uma atitude filosófica estão presas a preconceitos do senso comum - as crenças que não são analisadas pela razão;
/Argumento 2/ As pessoas que vivem presas ao senso comum vivem numa realidade que não as leva a questionarem-se, têm uma mente fechada, não pondo em causa aquilo que sabem (não reconhecem a sua ignorância), não admitem a possibilidade de evoluírem no conhecimento do mundo.
/Argumento 3/ Quando começamos a filosofar descobrimos que tudo pode ser objecto de questionamento, mesmo aquilo que antes considerávamos óbvio.
/Argumento 4/ As respostas da Filosofia podem nem sempre ser conclusivas, mas abrem sempre para novas possibilidades (de questionamento, bem como de compreensão), o que nos liberta do hábito e ampliam a nossa mente.
a) 'Nada acontece sem Razão'
b) 'Tudo o que acontece tem uma causa'
A ideia subjacente a este princípio é a de que tudo o que acontece tem uma explicação racional, sendo assim, a questão 'porque existe o Ser e não o Nada?' tem uma resposta racional, porque o Ser tem que ter uma Causa que explique a sua existência.
Mesmo que não possamos conhecer essa causa através da experiência, a Razão pode levantar hipóteses coerentes que nos permitirão esboçar, no mínimo, respostas logicamente possíveis.
5. Trata-se de um texto filosófico. Em primeiro lugar, nele há a prevalência da interrogação. E essa interrogação é levada suficientemente longe para podermos considerá-la radical. Por isso, podemos afirmar que a reflexão desenvolvida no texto tem radicalidade, uma das características fundamentais da filosofia.
Por outro lado, a autora do texto posiciona-se criticamente perante a questão e as possíveis respostas, dando mostras de autonomia.
Apesar disso, a autora coloca-se num ponto de vista universal - a sua argumentação é válida para todos os seres humanos, encarados como seres racionais, não exprime um ponto de vista restrito que não possa ser partilhado e/ou avaliado pelos outros seres pensantes - mesmo que cada um destes possa defender posições diferentes, os argumentos referem-se ao que pode ser compreendido por todos.
Ao referir-se à permanência da questão ao longo do tempo, estamos perante a historicidade, outra das características específicas da Filosofia.
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