Níveis de
leitura
|
Objectivos
|
Estratégias
|
Global
|
Adquirir uma ideia global do conteúdo do texto.
|
Orientar(-se)
Questionar
|
Compreensiva
|
Compreender o conteúdo (em filosofia: o problema, a tese,
as teorias, os argumentos).
|
Questionar
Analisar
(análise compreensiva)
|
Crítica
|
Comparar o que o texto transmite com as nossas próprias
informações e ideias.
|
Questionar
Analisar (análise
crítica)
|
Reflexiva
|
Elevado nível de compreensão, capacidade crítica e
reflexão.
|
Questionar
Analisar (anal. reflexiva)
|
ESTRATÉGIAS ORGANIZADORAS DA LEITURA
|
||
Orientar(-se) A primeira
abordagem que o aluno faz ao texto é para se orientar. O aluno deve situar-se, quer seja para se motivar para
a leitura, quer seja para se inteirar sobre o assunto de que trata o
documento escrito a estudar (ficha, livro, texto, etc.). A primeira coisa
que devemos fazer quando nos propomos ler um texto é ter uma ideia global do
que ele contém (orientarmo-nos na leitura).
· O que é que vou
ler? Qual o tema ou assunto? Parece difícil? O que é que eu já sei disto?
· Como é que fico a
saber antecipadamente o que é que vou ler? Leitura global, rápida, “por
alto”, “em diagonal”, a “varrer” o texto. Não é para perceber tudo, é para
ter uma ideia geral. Dar atenção a títulos e subtítulos, índices, letras
destacadas. Dar também uma olhadela (sem se perder) às imagens, esquemas,
gráficos, mapas, notas. Se os houver, claro.
|
||
Questionar Outra estratégia
organizadora fundamental consiste no questionar.
Ao questionar-se sobre os aspectos mais relevantes do texto, o aluno vai
formulando e testando hipóteses, o que, para além de ajudar a estabelecer
objectivos e a organizar a informação, lhe permite a auto-avaliação do seu
processo de assimilação e compreensão do texto. Devemos questionar o texto antes de iniciar a leitura, durante a
mesma e no final.
· Como questionar?
Questionar o quê? Para a leitura ser feita com concentração e interesse,
para os conhecimentos serem integrados e a memorização facilitada, o aluno
deve pensar enquanto lê.
· Pensar enquanto lê significa perguntar-se:
ü Vou ler o texto
para quê?
ü Que utilidade tem
a leitura do texto?
ü O que procuro no
texto?
ü Qual é o objectivo
da tarefa de que faz parte a leitura do texto?
ü O que já conheço
do assunto?
ü Como se relaciona
o que já sei com o que procuro no texto?
|
||
Analisar Depois dos alunos
se terem orientado e começado a questionar sobre o que encontram no texto, só
o compreendem fazendo uma análise do material. Conforme o tipo ou nível de
análise que se pretende fazer, existem diferentes tipos de leitura.
· Análise
compreensiva para conhecer e compreender todo o texto. Identifica-se o
assunto do texto. Distinguem-se as ideias principais das ideias secundárias,
na linha de desenvolvimento do texto. Num texto filosófico: identifica-se o
tema, o problema, a(s) tese(s) e teoria(s), e os respectivos argumentos.
· Análise crítica para comparar a
informação que o texto nos dá (ou as posições nele defendidas) com os
conhecimentos e ideias que já possuímos sobre o assunto. “O que é que eu
penso do que li?” Claro que esta crítica só é possível após a análise
compreensiva bem sucedida (quando criticamos um texto que não percebemos…
estamos a criticar outra coisa qualquer, não o que está no texto!). Num texto
filosófico: comparar teses e teorias, comparar os respectivos argumentos,
contra-argumentar, refutar.
· Análise reflexiva é uma leitura
crítica mais profunda. Só pode ser feita por quem tenha experiência de vida
e/ou conhecimentos prévios sobre o tema que está a ler e capacidade de
comparar informações antigas e novas, provas, fundamentos e consequências das
teses apresentadas. “Face ao que eu já sabia, o que me traz de novo o que
li?” É neste plano que se situa a actividade filosófica propriamente dita. É
treinando este tipo de análise que começamos a filosofar.
|
Técnicas
de leitura
|
Para quê?
Como?
|
Sublinhar é colocar traços
e outros sinais debaixo de certas palavras que se deseja destacar do texto.
|
· Para quê? Concentrar a atenção no que é essencial.
· Distinguir as
ideias principais e secundárias.
· Descobrir a
estrutura lógica do texto (problema(s), tese(s), argumento(s),
contra-argumento(s))
Como sublinhar?
· Não sublinhar numa
primeira leitura (leitura global). Seria
um obstáculo à leitura posterior.
· Não sublinhar em
excesso. Invalidaria o acto de
sublinhar.
· Evitar as tintas,
preferir o lápis. Permite corrigir
trajectórias de leitura.
· Ter o dicionário à
mão. Não compreender um termo pode
inquinar a compreensão do texto.
· Sublinhar as
ideias do texto, consoante a sua importância dentro do que é exposto. Valor da ideia no desenvolvimento do texto
(ideia principal ou ideia secundária), valor lógico da ideia (é o problema? é
a tese? é um argumento?).
· Podem utilizar
diferentes tipos de enunciados para os diferentes valores das ideias.
|
Parafrasear é escrever ou
dizer por palavras suas o que outra pessoa disse ou escreveu, mantendo uma
total fidelidade ao que foi dito, nada acrescentando ou tirando.
|
Parafrasear é uma das formas de
interpretar o pensamento de um autor. Quando não conseguimos parafrasear, quanto
maior for a dificuldade de dizer por palavras nossas o que lemos, mais longe
estaremos de compreender bem o texto.
Para quê?
· Para sabermos (e
saberem) que compreendemos o que lemos. O
texto torna-se “nosso”.
· Para ajudar na
elaboração de um resumo ou de um comentário ao texto.
Como parafrasear?
· Pensando “no que o
autor quer dizer” naquele trecho, nunca o desligando do contexto.
· Encontrando
palavras e frases equivalentes às do texto, sem repetir ou copiar as que lá
estão.
A diferença entre parafrasear e citar: ao
citar, repetimos as palavras do texto tal e qual como foram ditas. Nesse caso colocam-se as palavras, do autor,
entre aspas).
|
Resumir é dizer ou
escrever em poucas palavras o conteúdo do texto. Significa que se respeita o
texto mas apenas no essencial. Resumir é sinónimo de abreviar e
sintetizar.
|
Para quê?
· Para distinguirmos
o que é mais importante no texto.
· Para
compreendermos melhor o conteúdo do texto.
· Para sentirmos e
demonstrarmos que dominamos o assunto.
· Para disciplinar o
pensamento e facilitar a organização do estudo.
Como resumir?
· “Regra de ouro”: ler e compreender bem o texto
antes de resumir.
· Nunca tentar
fazê-lo logo na primeira leitura, nem à medida que se vai lendo.
· Incluir apenas as
ideias principais.
· Apresentar as
ideias pela ordem que surgem no texto e correctamente ligadas entre si.
Expressar-se por palavras suas (usar sinónimos).
· Utilizar termos
gerais para designar conjuntos de objectos, factos ou acções.
|
Ana Ávila da Silva / Florbela Veríssimo Pires, Maleta de Filosofia
Sem comentários:
Enviar um comentário