quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A busca da imortalidade

Milionário russo 'descobre' como se tornar imortal


Empresário russo anuncia projeto que vai copiar o seu corpo e o seu cérebro para um holograma e torná-lo imortal a partir de 2045.

Chama-se Projeto Avatar, o seu nome inspirou-se no famoso filme de James Cameron e foi lançado por Dmitry Itskov, um milionário russo de 32 anos, e o seu objetivo é copiar o corpo e o cérebro de uma pessoa para um holograma, de modo a permitir que ela viva eternamente.

Presidente da empresa russa New Media Stars, ligada ao negócio dos media online, Dmitry Itskov, que descreve esta iniciativa como "a próxima etapa da evolução", será a primeira cobaia do Avatar, e afirmou ao jornal britânico "Daily Mail" que "este projeto abre o caminho para a imortalidade".

O Avatar integra-se na "Iniciativa 2045", uma organização sem fins lucrativos fundada pelo empresário russo, que pretende criar uma comunidade em rede com os cientistas que lideram, a nível mundial, a investigação sobre o prolongamento da vida humana através das tecnologias cibernéticas. E que vai financiar projetos muito variados nesta área.

Eliminar o envelhecimento e a morte

A "Iniciativa 2045" salienta no seu manifesto que "é possível e necessário eliminar o envelhecimento e mesmo a morte, e ultrapassar os limites fundamentais das nossas capacidades físicas e mentais, estabelecidos pelas restrições do nosso corpo". 

E destaca que "o maior projeto tecnológico do nosso tempo será a criação de um corpo humano artificial e a subsequente transferência da consciência humana individual para esse corpo".

O milionário russo garante que "um indivíduo com um Avatar perfeito será capaz de se integrar na sociedade porque, na verdade, as pessoas não querem morrer".

Itskov rodeou-se de 30 cientistas russos de grande prestígio, especialistas em interfaces neuronais, robótica, orgãos artificiais e sistemas, e quer criar um centro internacional e uma universidade para investigarem a imortalidade.

A 15 e 16 de junho, a "Iniciativa 2045" organiza em Nova Iorque a segunda edição do Congresso sobre o Futuro Global (a primeira foi em Moscovo), onde o empresário promete apresentar "a cabeça de andróide mais parecida com uma cabeça humana em todo o mundo", revela a publicação americana online "Kurzweil Accelerate Intelligence".

Um andróide é um robô ou um organismo sintético concebido para se parecer e agir como um ser humano. A cabeça terá expressões faciais muito articuladas através de 36 servomotores e será uma réplica robótica da cabeça de Dmitry Itskov, tendo sido construída pelo cientista americano David Hanson, fundador da Hanson Robotics, que se tornou famosa pela criação de 40 andróides de personalidades conhecidas, entre as quais Albert Einstein.

Quatro etapas para a imortalidade cibernética

Há quatro etapas fundamentais neste projeto. A primeira, prevista para 2015-2020, passa por fazer uma cópia robótica do corpo de uma pessoa, com controlo remoto feito através de um sistema de interface cérebro-computador conhecido por BCI (brain-computer interface).

O BCI poderá mesmo permitir a uma pessoa controlar remotamente vários corpos robóticos de diferentes formas e tamanhos.

Segue-se, em 2020-2025, a criação de um sistema de suporte de vida autónomo para o cérebro de uma pessoa em fim de vida, em que o seu corpo esteja danificado de uma forma irreversível mas o cérebro intacto para ser transplantado. Deste modo, a pessoa poderá "regressar" a um corpo robótico totalmente funcional.

Viver num corpo feito de luz

Esse corpo poderá ter capacidades sobre-humanas, como resistência a elevadas temperaturas, a grandes pressões atmosféricas, a radiações, à falta de oxigénio e muitas outras.

Depois, em 2030-2035, será criado um modelo em computador do cérebro e da consciência humana, com o subsequente desenvolvimento de processos que permitam transferir a consciência de uma pessoa para um cérebro artificial.

Na quarta e última etapa, em 2040-2045, os cientistas irão criar um holograma do corpo e do cérebro de uma pessoa, de modo a que esta possa atingir a imortalidade cibernética - num corpo e num cérebro feitos de luz.  

Dmitry Itskov fala na ideia da evolução humana para uma "neo-Humanidade" baseada em cinco princípios: elevada espiritualidade, cultura, ética, conhecimento científico e tecnologia.

"A neo-Humanidade irá mudar a natureza corpórea do ser humano e torná-lo imortal, livre, alegre, independente das limitações do espaço e do tempo", sublinhou o empresário à publicação online americana "iTech Post".

Virgílio Azevedo
29 de maio de 2013