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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

A Retórica

A Retórica
Na antiguidade o campo da lógica informal foi ocupado pela retórica.
A retórica era cultivada como a arte da eloquência, ou seja como um conjunto de técnicas que visavam persuadir ou convencer um auditório através do discurso.
A retórica nasceu da necessidade de resolver conflitos através da argumentação: nos tribunais e nas assembleias políticas e o seu aparecimento é um verdadeiro progresso civilizacional na Grécia antiga, porque permitiu que o debate substituísse a violência quando estavam em causa conflitos de interesse que excitavam as paixões dos envolvidos.
Cedo se formou um grupo de cultores da retórica, os sofistas. Estes foram durante muito tempo os principais educadores das elites das grandes cidades gregas e em especial de Atenas, o berço da democracia.
Sócrates e Platão entraram em conflito aberto com os sofistas acusando-os de  praticarem a retórica como uma arte da ilusão e da manipulação, uma fonte de perversão que urgia combater sem vacilar.
Para estes filósofos a busca da verdade e a consequente libertação dos homens da ignorância e da superstição era uma das principais metas da filosofia. 
Os sofistas, por sua vez, visavam que os seus discursos fossem eficazes, ou seja, que produzissem efeitos políticos que, no fundo, permitissem exercer um poder efetivo sobre os cidadãos. Por isso defenderam uma ética relativista e pragmática: o bom deve estar submetido ao útil (pragmatismo) e o saber vale pelos seus efeitos práticos, pelo que não existe nenhum saber superior à opinião (doxa) e entre as opiniões vence a que for aceite pelo público, ou seja, a que for melhor defendida.
É neste contexto que se dá o julgamento de Sócrates que teve como desfecho a sua condenação à morte.





Depois deste conflito entre Platão (e Sócrates) e os sofistas, Aristóteles procede a uma verdadeira reabilitação filosófica da retórica. Na sua obra Retórica, procede a uma sistematização do campo temático desta disciplina, procurando apresentá-la como um complemento da Lógica e afastando-a do domínio da manipulação sofística.

"Para muitos, a retórica pouco mais é do que mera manipulação linguística, ornato estilístico e discurso que se serve de artifícios irracionais e psicológicos, mais propícios à verbalização de discursos vazios de conteúdo do que à sustentada argumentação de princípios e valores que se nutrem de um raciocínio crítico válido e eficaz. Mas a restauração da retórica ao seu velho estatuto de teoria e prática da argumentação persuasiva como antiga e nova rainha das ciências humanas tem vindo a corrigir essa noção enganosa, revalorizando-a como ciência e arte que tão logicamente opera na interpretação dos dados que faz intervir no discurso, como psicológica e eficazmente se cumpre no resultante efeito de convicção e mobilização para a ação de um auditório através do discurso. 
No fundo, a retórica é um saber que se inspira em múltiplos saberes e se põe ao serviço de todos os saberes. E um saber interdisciplinar no sentido pleno da palavra, na medida em que se afirmou como arte de pensar e arte de comunicar o pensamento. E como saber interdisciplinar e transdisciplinar, a retórica está presente no direito, na filosofia, na oratória, na dialéctica, na literatura, na
hermenêutica, na crítica literária e na ciência.
A retórica é uma das artes práticas mais nobres, porque o seu exercício é uma parte essencial da mais básica de todas as funções humanas. Daí a especial atenção que Aristóteles lhe dedicou, corrigindo tendências sofísticas e codificando princípios metodológicos e técnicos que, com o evoluir da tradição,
se haveriam de consagrar num cânone retórico de grande fortuna e proveito.
Na retórica aristotélica nós encontramos o saber como teoria, o saber como arte e o saber como ciência; um saber teórico e um saber técnico, um saber artístico e um saber científico. 
No trânsito da antiga para a nova retórica, ela naturalmente transformou-se de arte da comunicação persuasiva em ciência hermenêutica da interpretação. O seu duplo valor como arte e ciência, como saber e modo de comunicar o saber, faz dela também um instrumento mediante o qual podemos inventar, reinventar e solidificar a nossa própria educação. O esforço transdisciplinar que hoje em dia se faz para melhor compreender o papel da retórica e da hermenêutica na crítica do texto filosófico e literário mostra-nos que estas são duas áreas do saber intrinsecamente ligadas à essência da praxis humana.
O justo relevo dado por Chaim Perelman à vertente argumentativa desta arte colocou mais uma vez a Retórica de Aristóteles na moda, e as traduções que dela se fazem sucedem-se em ritmo acelerado nas mais diversas línguas."
Manuel Alexandre Júnior, prefácio da obra de ARISTÓTELES, Retórica, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 2005.

Deve-se confrontar esta apresentação com artigos/ documentos:
A emergência da Retórica
A argumentação filosófica e a busca da verdade
A Democracia Grega e o Movimento Sofista - Apresentação

Para mais informação sobre os sofistas, clique AQUI

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Princípios da Democracia Ateniense


O que é a democracia?

O termo ‘democracia’ decompõe-se em:
‘Demos” = Povo
‘Cracia’ = Governo

Assim, a definição etimológica  do termo democracia será: 

‘Governo do povo’.
_________

A democracia surgiu na Grécia antiga em 508 a.c.

Esta forma de governo baseava-se nos seguintes princípios:

Isocracia 

“É o ideal da igualdade de acesso aos cargos políticos. Foi usado na Grécia Antiga, assim todos os cidadãos atenienses tinham o direito e o dever de participar na vida política da Pólis. As decisões normalmente tomadas em conjunto respeitavam a vontade da maioria, pois todos tinham igual direito de voto.” wikipedia
Isocracia significa ‘igualdade no acesso ao poder’ (kratos) e implica que todos os cidadãos tenham não apenas o direito e obrigação de eleger os seus chefes, mas também que eles próprios possam vir a ser eleitos para desempenhar funções nos diferentes órgãos existentes na pólis.

Isonomia

Isonomia é o conceito mais importante, na medida em que acaba por englobar os restantes e, por isso, ocorre nas fontes antigas como sinónimo do tipo de constituição que coloca o poder no demos ou ‘povo’ (i.e. a democracia). Isonomia significa, à letra, ‘igualdade perante a lei’ (nomos). Em consequência, todas as pessoas que detêm o estatuto de cidadão devem poder gozar dos mesmos direitos previstos na lei, entendida como expressão da vida em comunidade (pólis) e que representa, por isso, a garantia de estabilidade no interior dessa mesma comunidade.

Isegoria

Isegoria, pode ser traduzida por ‘igualdade no acesso à palavra’ ou, para usarmos a expressão consagrada, ‘liberdade de expressão’. Tratava-se de uma prerrogativa fundamental para o exercício activo da cidadania na assembleia, no conselho e nos tribunais ou então, numa equivalência mais directa do termo, naquele que era o espaço por excelência da intervenção pública: a ágora.

E os Gregos anunciavam esse direito através do recurso a uma fórmula breve, cuja sonora simplicidade ainda hoje continua válida e eficaz: «Quem deseja usar a palavra?».