sábado, 25 de outubro de 2014

Por que existe o Ser e não o Nada?



 Já alguma vez parou para pensar como tudo começou? Sobre o início das coisas, o começo? Ou, talvez, o significado de “nada”? Quando nos referimos a “nada” é normal associar este termo a uma espécie de vazio ou vácuo. Mas será mesmo esse o seu significado? Na verdade, o que é o NADA?

“Nada: 1 coisa nenhuma; ausência quer absoluta, quer relativa, de ser ou de realidade; o que não existe. 2 nenhuma coisa, zero. 3 coisa sem importância ; (…) o não-ser;”

Ou seja, o nada não existe, definimos algo que não existe por nada.
  Mas vamos supor o contrário. Se num passado muito longínquo, existisse o nada num estado absoluto, o “Nada Absoluto”, atualmente eu não teria escrito este texto, ninguém estaria a lê-lo, nem a própria folha existiria porque o “Nada Absoluto” estaria ainda presente, a completa ausência do ser. Pois, deste modo, não havia a possibilidade de algo ter sido criado nem gerado. Mas como todos sabemos, as coisas existem e eu e mais 7 bilhões de pessoas de carne e osso somos a prova viva que o nada simplesmente não existe e nunca existiu, mas sim o ser. 
No entanto, mesmo que o “Nada Absoluto” nunca tenha existido, em algum momento da vida foi necessário algo que eternamente existiu. Mas o que seria essa coisa? O que nos leva mais uma vez ao enigma da explicação do inicio de todas as coisas, de todas as pessoas e do universo, no geral. Esta questão, que durante anos, leva a humanidade a tentar encontrar uma resposta exata. Uns optam por várias teorias que explicam mais cientificamente a criação do universo, tal como a Teoria do Big Bang ou mesmo em crenças mais religiosas relacionadas com Deus, que eu pessoalmente respeito, mas com as quais não concordo.

Bruna Ferreira - 10º E (2014/2015)

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Teste 1 - Matriz

Filosofia - 10º ano

Nota: neste teste é obrigatório o uso de folha de teste.
Seja original e crítico nas suas respostas.
O teste terá a duração de 90 minutos.

Critérios gerais de correção de testes sumativos

Esclarecimento de dúvidas por email - clicar aqui.
(até 24 horas antes do teste - deve indicar o nome, nº. e turma)


Conteúdos:

1. Abordagem introdutória à filosofia e ao filosofar.
1.1.1. O que é a filosofia?
1.1.2. A definição etimológica do termo 'Filosofia'.
1.1.3. A alegoria da caverna.
1.1.4. O espanto como a origem da filosofia: a importância filosófica do reconhecimento da ignorância.
1.1.5. O exemplo de Sócrates.
1.1.5.1. O método socrático.
1.1.6. A especificidade da filosofia.
1.1.6.1. A filosofia como uma atividade crítica.
1.1.6.2. A filosofia como um saber problematizante.

1.2. Quais são as questões da filosofia?
1.2.1. Os diversos tipos de questão.
1.2.1.1. As características das questões filosóficas: a) respostas abertas ao questionamento (as questões filosóficas nunca têm uma resposta unívoca; b) universalidade; c) abstração.
1.2.1. Senso comum, ciência e filosofia.
1.2.1.1. As principais características do senso comum.
1.2.1.2. A filosofia e a ciência enquanto saberes racionais.
1.2.1.2.1. A filosofia e a ciência como saberes que buscam a verdade.
1.2.1.2.1. A filosofia como uma visão integradora do saber (totalizante), distinta da visão parcelar (especializada) da ciência.
1.2.1.3. As principais características da filosofia: radicalidade, autonomia, historicidade e universalidade.

Conceitos:

Autonomia    Atitude Filosófica      Alegoria    Conceito   Crítica     Dúvida
Especificidade   (especificidade da Filosofia)
Filosofia  
Historicidade      Heteronomia
Método
Pensar   (pensar por si próprio)
Problema      Questão    (os diversos tipos de questão)    (as questões filosóficas)
Pressuposto(s)
Radicalidade        Reflexão      Senso Comum
Universalidade   Utilidade da Filosofia
Tese
Verdade

Objectivos:

1. Definir etimologicamente o termo 'Filosofia';
2. Analisar situações que permitam comparar a atitude dos homens comuns com a atitude do filósofo;
3. Reconhecer a importância filosófica do 'conhece-te a ti mesmo' socrático;
4. Refletir sobre o método socrático;
5. Reconhecer a importância filosófica do espanto/da admiração (o reconhecimento da ignorância); (Apresentação sobre a especificidade da Filosofia).
6. Caracterizar a filosofia como uma busca da verdade;
7. Caracterizar o senso comum;
8. Distinguir a filosofia do senso comum; (Apresentação sobre a alegoria da caverna e o senso comum + Apresentação sobre a especificidade da Filosofia).
 9. Caracterizar a filosofia a partir das suas principais características (radicalidade; autonomia; historicidade e universalidade);
10. Distinguir a Filosofia e a Ciência;
11. Confrontar a filosofia com a ciência tendo em conta o objecto de cada um destes saberes ("A filosofia visa a totalidade do real");
12. Explicar a alegoria da caverna; (O texto da alegoria da caverna + vídeo). (Apresentação sobre a alegoria da caverna e o senso comum).
13. Definir o conceito de problema;
14. Identificar os diversos tipos de questão utilizados na Filosofia;
15. Distinguir as questões filosóficas dos outros tipos de questão;
16. Explicar a atitude filosófica;
17. Reconhecer que a filosofia é um saber pessoal e a ciência, um saber objetivo (impessoal);
18. Problematizar a utilidade da Filosofia;
19. Identificar os pressupostos de teses (opiniões);
20. Posicionar-se criticamente perante teses (opiniões);
21. Interpretar textos filosóficos;
22. Construir argumentações sólidas.

Recursos:

Manual - da p.8 à p. 24; da p. 26.

Documentos:










Recursos digitais



Estrutura do teste:

Grupo I - 10 questões de escolha múltipla.
             - 5 a 10 questões de verdadeito/falso.

Grupo II - 2 a 3 questões de resposta orientada.

Grupo III - 1 questão de desenvolvimento.


TESTE MODELO
Filosofia - 10º Ano
Teste Sumativo 1          Outubro de 2014    
Professor Paulo Gomes
_________________________________________________________________________
Leia todo o enunciado, antes de começar a responder.
Responda apenas ao que é pedido no enunciado das questões.
Seja original e crítico nas suas respostas.


Grupo I
Escolha apenas uma alternativa em cada questão

1. A palavra ‘Filosofia’ significa etimologicamente:

     A. ‘Amor à sabedoria’;
     B. ‘sabedoria do amor’;
     C. ‘amor da sabedoria’;
     D. nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Das seguintes alternativas escolha a que se refere à radicalidade da filosofia:

    A. A filosofia é um saber independente de qualquer outro saber ou de qualquer interesse ou poder exteriores a ela;
    B. O filósofo não recua perante nada nem ninguém na busca da verdade;
    C. A filosofia é fruto da História: tem uma tradição e radica a sua problematização nas solicitações de cada época histórica.
    D. Os problemas da filosofia interessam a todos os seres humanos, do passado, do presente e do futuro.

3. A Lógica:

     A. Estuda a estrutura e o funcionamento da linguagem;
     B. estuda a estrutura do pensamento e as regras para a elaboração do raciocínio correto;
     C. trata as formas de organização da vida comunitária;
     D. é a filosofia da arte.

4. “Deus não existe nem deixa de existir”. Este enunciado:

     A. Obedece ao princípio do terceiro excluído;
     B. viola o princípio da não-contradição;
     C. viola o princípio da identidade;
     D. viola o princípio do terceiro excluído.

5. "A Filosofia distingue-se das ciências porque estuda a totalidade do real". Esta afirmação é:
     A. Falsa, porque a Filosofia não é um saber racional;
     B. verdadeira porque a Filosofia é uma ciência como as outras;
     C. Falsa, porque a Filosofia é uma ciência como qualquer outra;
     D. verdadeira, porque cada ciência tem um objecto de estudo específico.

6. Aristóteles afirma que a Filosofia começa com o espanto. Isto significa que:

     A. Só pode ser filósofo quem reconhecer a sua ignorância;
     B. a filosofia não se distingue do senso comum;
     C. só os ignorantes podem filosofar;
     D. em Filosofia não há qualquer conhecimento.

7. Na alegoria da caverna, a caverna representa:

     A. a Filosofia;
     B. a Filosofia e as ciências;
     C. as sociedades primitivas;
     D. o senso comum.

8. Podemos pensar de forma coerente, desobedecendo aos Princípios Lógicos da Razão?

     A. Sim, se quisermos ser criativos;
     B. nunca;
     C. só quando não tivermos uma resposta conclusiva para um problema;
     D. só nos casos em que não estiverem em causa verdades científicas.

9. "O senso comum é um saber completamente inútil". Esta afirmação é:

     A. Falsa, porque a Filosofia é a melhor parte do senso comum;
     B. verdadeira porque o senso comum só serve para nos atrapalhar;
     C. Falsa, porque o senso comum serve para nos orientarmos nas tarefas quotidianas;
     D. verdadeira, porque o senso comum só coloca questões, não dando respostas.

10. "Ousa saber! Tem a coragem de usares o teu próprio entendimento!". Esta afirmação de Kant refere-se a uma característica da Filosofia. A qual?

     A. À historicidade;
     B. à radicalidade;
     C. à universalidade;
     D. à autonomia.


Grupo II

Texto 1
A utilidade da filosofia

"Quem não tem umas tintas de filosofia é homem que caminha pela vida fora sempre agrilhoado a preconceitos que derivam do senso-comum, das crenças habituais do seu tempo e do seu país, das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada. 
O mundo tende, para tal homem, a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os objectos habituais não levantam problemas, e as possibilidades não familiares são desdenhosamente rejeitadas. 
Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente nos damos conta de que até os objectos mais ordinários conduzem o espírito a certas perguntas a que incompletissimamente se dá resposta. A filosofia, se bem que incapaz de dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca, sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito. Varre o dogmatismo, um tudo nada arrogante, dos que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica o sentimento de admiração."
Bertrand Russell

1. Identifique e formule o problema central do texto 1.
2. Qual é a tese central do texto 1?
3. Exponha o(s) argumentos(s) com que o autor justifica a tese central do texto.
4. Concorda com a tese central e os argumentos do autor? Justifique a sua resposta confrontado a filosofia com o senso comum.


Texto 2
Por que existe o Ser e não o Nada?

 Já alguma vez parou para pensar como tudo começou? Sobre o início das coisas, o começo? Ou, talvez, o significado de “nada”? Quando nos referimos a “nada” é normal associar este termo a uma espécie de vazio ou vácuo. Mas será mesmo esse o seu significado? Na verdade, o que é o NADA?
“Nada: 1 coisa nenhuma; ausência quer absoluta, quer relativa, de ser ou de realidade; o que não existe. 2 nenhuma coisa, zero. 3 coisa sem importância ; (…) o não-ser;”
Ou seja, o nada não existe, definimos algo que não existe por nada.
  Mas vamos supor o contrário. Se num passado muito longínquo, existisse o nada num estado absoluto, o “Nada Absoluto”, atualmente eu não teria escrito este texto, ninguém estaria a lê-lo, nem a própria folha existiria porque o “Nada Absoluto” estaria ainda presente, a completa ausência do ser. Pois, deste modo, não havia a possibilidade de algo ter sido criado nem gerado. Mas como todos sabemos, as coisas existem e eu e mais 7 bilhões de pessoas de carne e osso somos a prova viva que o nada simplesmente não existe e nunca existiu, mas sim o ser. 
No entanto, mesmo que o “Nada Absoluto” nunca tenha existido, em algum momento da vida foi necessário algo que eternamente existiu. Mas o que seria essa coisa? O que nos leva mais uma vez ao enigma da explicação do início de todas as coisas, de todas as pessoas e do universo, no geral. Esta questão, que durante anos, leva a humanidade a tentar encontrar uma resposta exata. Uns optam por várias teorias que explicam mais cientificamente a criação do universo, tal como a Teoria do Big Bang ou mesmo em crenças mais religiosas relacionadas com Deus, que eu pessoalmente respeito, mas com as quais não concordo. /Bruna Ferreira 10ºE (2014/2015)

5. O texto 2 refere-se a uma das mais difíceis questões filosóficas. De acordo com o Princípio da Razão Suficiente é possível responder a esta questão. Explique porquê.

6. O texto 2 é um texto filosófico? Justifique a sua resposta tendo em conta as principais características da filosofia.


Grupo III
Este grupo é composto por uma questão de desenvolvimento.

                                                Texto 3
Uma mulher norte-americana de 29 anos com um cancro cerebral terminal decidiu pôr fim à sua própria vida no próximo dia 1 de novembro. Mas, antes, associou-se a um movimento civil para pedir aos responsáveis políticos dos Estados Unidos o alargamento da legislação sobre a eutanásia a mais locais do país.

“Não há nenhuma célula suicida no meu corpo”, disse Brittany Maynard numa entrevista à People. Em janeiro deste ano, Brittany viu ser-lhe diagnosticado um glioblastoma multiforme de nível 4, uma forma severa de tumor cerebral com uma taxa muito baixa de sobrevivência. Na altura, os médicos deram-lhe seis meses de esperança de vida e Brittany optou por não fazer os tratamentos de radioterapia adequados à doença, que afetariam significativamente a sua qualidade de vida.

“O meu glioblastoma vai matar-me e isso está fora do meu controlo. Falei com muitos especialistas sobre como ia morrer disso e é uma forma terrível, terrível de morrer. Escolher morrer com dignidade é menos assustador”, afirma Brittany.

A doente lançou na segunda-feira um vídeo onde explica as razões da sua decisão. A iniciativa tem o apoio de um movimento civil, o Compassion & Choices, que criou, juntamente com Brittany, o The Brittany Maynard Fund, um site que tem como objetivo recolher donativos para aquele movimento, que luta pela expansão da eutanásia de pacientes terminais a todos os estados dos Estados Unidos da América.

Atualmente são cinco os que permitem a morte medicamente assistida. Depois de tomar a decisão sobre a sua própria morte, Brittany e o seu marido mudaram-se de São Francisco, no estado da Califórnia, para Portland, no Oregon, um dos estados que tem legislação que permite a eutanásia por motivos médicos. Para a morte ser autorizada, o estado de saúde do doente tem de ser atestado por dois médicos que, depois, fornecem medicação própria para o efeito.

Há pouco mais de duas semanas, Brittany foi hospitalizada brevemente, mas logo após a alta retomou a sua atividade física normal, que em tempos a levou a escalar o Kilimanjaro. “Quero mesmo festejar o aniversário do meu marido, que é a 26 de outubro”, afirma, para explicar porque escolheu 1 de novembro para a data da sua morte. “Estou a ficar cada vez mais doente, tenho cada vez mais dores”, refere.


No dia 1 de novembro, quando morrer, aos 29 anos, Brittany Maynard estará acompanhada pela sua mãe, pelo seu marido e por um amigo próximo. Morrerá no seu quarto, ouvindo música de que gosta.
observador.pt

      1. Concorda com a decisão de Britney? Responda a esta questão justificando argumentativamente a sua posição sobre a eutanásia e aplicando-a a este caso concreto.



_______________
Correção:

Grupo I

 1.  A;
 2.  B;
 3.  B;
 4.  D;
 5.  D;
 6.  A;
 7.  D;
 8.  B;
 9.  C;
10. D.

Grupo II

Texto 1
" /Argumento 1/ Quem não tem umas tintas de filosofia é homem que caminha pela vida fora sempre agrilhoado a preconceitos que derivam do senso-comum, das crenças habituais do seu tempo e do seu país, das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada. 

/Argumento 2/ O mundo tende, para tal homem, a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os objectos habituais não levantam problemas, e as possibilidades não familiares são desdenhosamente rejeitadas. 

/Argumento 3/  Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente nos damos conta de que até os objectos mais ordinários conduzem o espírito a certas perguntas a que incompletissimamente se dá resposta.   

/Argumento 4/ A filosofia, se bem que incapaz de dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca, sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito. 

Varre o dogmatismo, um tudo nada arrogante, dos que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica o sentimento de admiração."

1. O problema central do texto pode ser formulado através das seguintes questões: 
                       Qual a função da Filosofia? 
                       Para que serve a Filosofia?
                       A Filosofia tem utilidade? Qual? 

2. A tese central do texto encontra-se no excerto sublinhado: A função principal da filosofia é libertar-nos do dogmatismo do senso comum.

3. No texto é possível identificar quatro argumentos que sustentam a tese central:
        
 /Argumento 1/ As pessoas que não cultivam uma atitude filosófica estão presas a preconceitos do senso comum - as crenças que não são analisadas pela razão;

 /Argumento 2/  As pessoas que vivem presas ao senso comum vivem numa realidade que não as leva a questionarem-se, têm uma mente fechada, não pondo em causa aquilo que sabem (não reconhecem a sua ignorância), não admitem a possibilidade de evoluírem no conhecimento do mundo.

 /Argumento 3/ Quando começamos a filosofar descobrimos que tudo pode ser objecto de questionamento, mesmo aquilo que antes considerávamos óbvio.

 /Argumento 4/ As respostas da Filosofia podem nem sempre ser conclusivas, mas abrem sempre para novas possibilidades (de questionamento, bem como de compreensão), o que nos liberta do hábito e ampliam a nossa mente.


5. Demos as seguintes formulações do Princípio da Razão Suficiente:
       
         a) 'Nada acontece sem Razão'
         b) 'Tudo o que acontece tem uma causa'

A ideia subjacente a este princípio é a de que tudo o que acontece tem uma explicação racional, sendo assim, a questão 'porque existe o Ser e não o Nada?' tem uma resposta racional, porque o Ser tem que ter uma Causa que explique a sua existência.
Mesmo que não possamos conhecer essa causa através da experiência, a Razão pode levantar hipóteses coerentes que nos permitirão esboçar, no mínimo, respostas logicamente possíveis. 

5. Trata-se de um texto filosófico. Em primeiro lugar, nele há a prevalência da interrogação. E essa interrogação é levada suficientemente longe para podermos considerá-la radical. Por isso, podemos afirmar que a reflexão desenvolvida no texto tem radicalidade, uma das características fundamentais da filosofia.
Por outro lado, a autora do texto posiciona-se criticamente perante a questão e as possíveis respostas, dando mostras de autonomia.
Apesar disso, a autora coloca-se num ponto de vista universal - a sua argumentação é válida para todos os seres humanos, encarados  como seres racionais, não exprime um ponto de vista restrito que não possa ser partilhado e/ou avaliado pelos outros seres pensantes - mesmo que cada um destes possa defender posições diferentes, os argumentos referem-se ao que pode ser compreendido por todos.
Ao referir-se à permanência da questão ao longo do tempo, estamos perante a historicidade, outra das características específicas da Filosofia.

Teste 1 - Teste - Modelo

Filosofia - 10º Ano
Teste Sumativo 1 (modelo)                                          Outubro de 2016  
Professor Paulo Gomes                                        Duração: 90 minutos
______________________________________________________________
Leia todo o enunciado, antes de começar a responder.
Responda apenas ao que é pedido no enunciado das questões.
Seja original e crítico nas suas respostas.


Grupo I

Subgrupo I.1
Escolha apenas uma alternativa em cada questão

1. A palavra ‘Filosofia’ significa etimologicamente:

     A. ‘Amor à sabedoria’;
     B. ‘sabedoria do amor’;
     C. ‘amor da sabedoria’;
     D. nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Das seguintes alternativas escolha a que se refere à radicalidade da filosofia:

    A. A filosofia é um saber independente de qualquer outro saber ou de qualquer interesse ou poder exteriores a ela;
    B. O filósofo não recua perante nada nem ninguém na busca da verdade;
    C. A filosofia é fruto da História: tem uma tradição e radica a sua problematização nas solicitações de cada época histórica.
    D. Os problemas da filosofia interessam a todos os seres humanos, do passado, do presente e do futuro.

3. "O senso comum é um saber universal". Esta afirmação é:

     A. Falsa, porque o senso comum é um saber que só alguns homens possuem;
     B. Verdadeira porque todos os homens possuem senso comum;
     C. Falsa, porque, embora todos os homens possuam senso comum, este é um saber relativo;
     D. Verdadeira, porque o senso comum é um saber sobre o universo.

4. “Só sei que nada sei”. Com esta afirmação Sócrates:

     A. reconhece que a filosofia não é um saber;
     B. reconhece que é mais sábio do que aqueles que vivem mergulhados no senso comum;
     C. reconhece que o objetivo da filosofia é a ignorância;
     D. reconhece que os filósofos são ignorantes.

5. "A Filosofia distingue-se das ciências porque estuda a totalidade do real". Esta afirmação é:
     A. Falsa, porque a Filosofia não é um saber racional;
     B. verdadeira porque a Filosofia é uma ciência como as outras;
     C. Falsa, porque a Filosofia é uma ciência como qualquer outra;
     D. verdadeira, porque cada ciência tem um objecto de estudo específico.

6. Aristóteles afirma que a Filosofia começa com o espanto. Isto significa que:

     A. Só pode ser filósofo quem reconhecer a sua ignorância;
     B. a filosofia não se distingue do senso comum;
     C. só os ignorantes podem filosofar;
     D. em Filosofia não há qualquer conhecimento.

7. Na alegoria da caverna, a caverna representa:

     A. a Filosofia;
     B. a Filosofia e as ciências;
     C. as sociedades primitivas;
     D. o senso comum.

8. As questões filosóficas são:

     A. Fechadas, infinitas e universais;
     B. universais, abertas e abstratas;
     C. finitas, abertas e abstratas;
     D. inconclusivas, abrangentes e pessoais.

9. "O senso comum é um saber completamente inútil". Esta afirmação é:

     A. Falsa, porque a Filosofia é a melhor parte do senso comum;
     B. verdadeira porque o senso comum só serve para nos atrapalhar;
     C. Falsa, porque o senso comum serve para nos orientarmos nas tarefas quotidianas;
     D. verdadeira, porque o senso comum só coloca questões, não dando respostas.

10. "Ousa saber! Tem a coragem de usares o teu próprio entendimento!". Esta afirmação de Kant refere-se a uma característica da Filosofia. A qual?

     A. À historicidade;
     B. à radicalidade;
     C. à universalidade;
     D. à autonomia.



Subgrupo I.2

Decida da verdade ou falsidade dos seguintes enunciados:

1. A filosofia é um saber ametódico.
2. O senso comum é um saber superficial.
3. Quem é filósofo é ignorante.
4. Uma característica das questões filosóficas é que estas não admitem uma resposta conclusiva.
5. Autonomia significa: viver na dependência de outrem.
6. A principal diferença da filosofia em relação ao senso comum é que não é possível responder às questões filosóficas.
7. Uma das características da filosofia é a universalidade, uma vez que se trata de um saber que interessa a todos os seres humanos.
8. As questões filosóficas têm origem na nossa curiosidade, no desejo que todos temos de saber mais acerca da realidade.
9. O filósofo, ao colocar questões, interroga-se a si mesmo.
10. A filosofia está mais próxima da ciência do que do senso comum.



Grupo II

Texto 1
A utilidade da filosofia

"Quem não tem umas tintas de filosofia é homem que caminha pela vida fora sempre agrilhoado a preconceitos que derivam do senso-comum, das crenças habituais do seu tempo e do seu país, das convicções que cresceram no seu espírito sem a cooperação ou o consentimento de uma razão deliberada. 
O mundo tende, para tal homem, a tornar-se finito, definido, óbvio; para ele os objectos habituais não levantam problemas, e as possibilidades não familiares são desdenhosamente rejeitadas. 
Quando começamos a filosofar, pelo contrário, imediatamente nos damos conta de que até os objectos mais comuns conduzem o espírito a certas perguntas a que incompletissimamente se dá resposta. A filosofia, se bem que incapaz de dizer ao certo qual venha a ser a verdadeira resposta às variadas dúvidas que ela própria evoca, sugere numerosas possibilidades que nos conferem amplidão aos pensamentos, descativando-nos da tirania do hábito. Varre o dogmatismo, um tudo nada arrogante, dos que nunca chegaram a empreender viagens nas regiões da dúvida libertadora; e vivifica o sentimento de admiração."
Bertrand Russell

1. Partindo de uma análise do texto, distinga a filosofia do senso comum.
2. Podemos afirmar que o texto 1 pode servir de base para a interpretação da alegoria da caverna? Justifique a sua resposta, explicando o que o autor entende por "dúvida libertadora".

Texto 2

A Ciência e a Filosofia

"Se a ciência tende cada vez mais para a especialização, a filosofia, no sentido inverso, quer superar a fragmentação do real, para que o homem seja resgatado na sua integridade e não sucumba à alienação do saber parcelado. Por isso a filosofia tem uma função de interdisciplinaridade, estabelecendo o elo entre as diversas formas do saber e do agir."
3. Comente o texto 2 explicando a relação entre a filosofia e a ciência.

Grupo III
Este grupo é composto por uma questão de desenvolvimento.

                                                Texto 3
Uma mulher norte-americana de 29 anos com um cancro cerebral terminal decidiu pôr fim à sua própria vida no próximo dia 1 de novembro. Mas, antes, associou-se a um movimento civil para pedir aos responsáveis políticos dos Estados Unidos o alargamento da legislação sobre a eutanásia a mais locais do país.

“Não há nenhuma célula suicida no meu corpo”, disse Brittany Maynard numa entrevista à People. Em janeiro deste ano, Brittany viu ser-lhe diagnosticado um glioblastoma multiforme de nível 4, uma forma severa de tumor cerebral com uma taxa muito baixa de sobrevivência. Na altura, os médicos deram-lhe seis meses de esperança de vida e Brittany optou por não fazer os tratamentos de radioterapia adequados à doença, que afetariam significativamente a sua qualidade de vida.

“O meu glioblastoma vai matar-me e isso está fora do meu controlo. Falei com muitos especialistas sobre como ia morrer disso e é uma forma terrível, terrível de morrer. Escolher morrer com dignidade é menos assustador”, afirma Brittany.

A doente lançou na segunda-feira um vídeo onde explica as razões da sua decisão. A iniciativa tem o apoio de um movimento civil, o Compassion & Choices, que criou, juntamente com Brittany, o The Brittany Maynard Fund, um site que tem como objetivo recolher donativos para aquele movimento, que luta pela expansão da eutanásia de pacientes terminais a todos os estados dos Estados Unidos da América.

Atualmente são cinco os que permitem a morte medicamente assistida. Depois de tomar a decisão sobre a sua própria morte, Brittany e o seu marido mudaram-se de São Francisco, no estado da Califórnia, para Portland, no Oregon, um dos estados que tem legislação que permite a eutanásia por motivos médicos. Para a morte ser autorizada, o estado de saúde do doente tem de ser atestado por dois médicos que, depois, fornecem medicação própria para o efeito.

Há pouco mais de duas semanas, Brittany foi hospitalizada brevemente, mas logo após a alta retomou a sua atividade física normal, que em tempos a levou a escalar o Kilimanjaro. “Quero mesmo festejar o aniversário do meu marido, que é a 26 de outubro”, afirma, para explicar porque escolheu 1 de novembro para a data da sua morte. “Estou a ficar cada vez mais doente, tenho cada vez mais dores”, refere.


No dia 1 de novembro, quando morrer, aos 29 anos, Brittany Maynard estará acompanhada pela sua mãe, pelo seu marido e por um amigo próximo. Morrerá no seu quarto, ouvindo música de que gosta.
observador.pt

      1. Concorda com a decisão de Britney? Responda a esta questão justificando argumentativamente a sua posição sobre a eutanásia e aplicando-a a este caso concreto.



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CORREÇÃO

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Por que existe o ser e não o nada?


Essa é uma questão que eu gostaria de saber responder. Esta pergunta remete-nos para outra: Porque existe tudo aquilo que observamos? Novamente, não tenho resposta, mas sei que não sou a única, pois há perguntas cuja sua linha de resposta ficará em branco.
Por vezes, o existir é problemático, se certas doenças não existissem, milhões de pessoas não estariam infectadas e outras tantas não teriam falecido. O nada, por sua vez, também o pode ser. Se algo não existe na nossa vida, é porque não o devemos ter, ou simplesmente, porque não é a altura adequada para o adquirir, mas se no lugar do nada deveria estar algo, pode causar desassossego ou o sentimento de perda, e tentaremos encontrar uma forma de preencher um vazio, apesar do nada ser infinito em certos casos, e o que parte leva uma parte de nós, e aí, temos de encontrar-nos a nós próprios e transformar o nada negativo num nada positivo.
Como referi anteriormente, o ser/existir e o nada também podem ter um lado positivo. Apesar de eu ser uma mera gota no oceano ou um mero dígito na infinidade de números, sou uma pessoa grata por existir e por existirem pessoas melhores que eu a meu redor. O nada é positivo quando há ausência de situações negativas.
Concluindo, no meu ponto de vista, o ser e o nada existem os dois, completam-se um ao outro, formando uma dualidade, assim como o símbolo Yin-Yang.

Ana Carolina Martins - 10ºE (2014/2015)

domingo, 12 de outubro de 2014

As Principais Disciplinas da Filosofia


As disciplinas da filosofia e os problemas de que tratam

Disciplinas abordadas no 10.° ano

Filosofia da Acção 
Estuda os problemas relacionados com a natureza e racionalidade da acção, como os seguintes:
O que são acções?
Como explicar os comportamentos humanos irracionais?
Que relação existe entre acção, liberdade e responsabilidade?

Axiologia
Estuda a natureza dos valores.
O que são valores?
Os valores são objectivos ou subjectivos?

Antropologia Filosófica
Investiga a natureza humana e a relação desta com as sociedades e as culturas.
O que é o Homem?
O que é a cultura?
Em que medida a socialização molda o ser humano?
Qual a importância da diversidade cultural?

Ética (ou filosofia moral)
Estuda problemas relacionados com o modo como devemos viver e com o que devemos valorizar. A ética abrange três áreas ou subdisciplinas distintas: a metaética, a ética normativa e a ética aplicada. A metaética estuda problemas mais abstractos, relacionados com a natureza da própria ética; a ética normativa estuda diferentes sistemas éticos; e a ética aplicada estuda problemas práticos, como o aborto ou a eutanásia.
Como devemos agir?
Haverá padrões morais universais ou todas as normas morais serão relativas?
O aborto e a eutanásia serão justificáveis?
Os animais têm direitos?

Filosofia Política
Estuda o modo como podemos viver em sociedade e o modo como devemos fazê-lo, o que levanta problemas como os seguintes:
Como deveremos viver em sociedade?
Será o Estado necessário?
Haverá limites para a liberdade individual?
Como se deve distribuir a riqueza?

Estética e Filosofia da Arte
A estética estuda a natureza do juízo estético em geral; a filosofia da arte estuda problemas relacionados com a definição, valor e avaliação da arte.
O que é a arte?
Há boa e má arte?
Por que razão damos valor à arte?
Como se deve avaliar uma obra de arte?

Filosofia da Religião
É o estudo dos conceitos religiosos, da natureza e justificação da crença religiosa:
Serão as crenças religiosas passíveis de discussão racional?
Será que Deus existe?
Será possível compatibilizar a crença no deus teísta com a existência de males no mundo?


Disciplinas abordadas no 11.° ano

Lógica
Estuda e sistematiza a argumentação válida.
Que argumentos são válidos?
Como se distingue a indução da dedução?
Será possível construir um modelo completo do raciocínio?

Filosofia do conhecimento (ou Gnosiologia)
Estuda problemas relacionados com o conhecimento em geral, nomeadamente:
O que é o conhecimento?
O mundo é uma construção nossa ou é ele que determina as nossas crenças?
Qual é a origem dos nossos conhecimentos?
Quais são os limites do conhecimento?

Filosofia da Ciência (ou Epistemologia)
Estuda aspectos epistemológicos, metafísicos e lógicos das ciências em geral, incluindo as ciências da natureza e as ciências humanas. A filosofia das ciências tem dado origem a várias subdisciplinas especializadas: filosofia da biologia, filosofia da física, filosofia das ciências humanas e filosofia da história.
Como demarcar a fronteira entre a ciência e a pseudociência?
Qual é o método científico?
Como justificar a nossa crença na indução?
O que são as leis da natureza?

Metafísica e ontologia
A metafísica estuda problemas relacionados com os aspectos mais gerais da estrutura da realidade. A ontologia é a parte da metafísica que estuda a existência ou o que há.
Que tipo de entidades há?
Os números existem realmente, como as cadeiras?
Haverá verdades necessárias?
A vida tem sentido?


Disciplinas não abordadas no ensino secundário (poderão ser objecto de trabalho opcional)

Filosofia da Linguagem
Estuda todos os problemas relacionados com o funcionamento da linguagem e o fenómeno do significado linguístico.
Como se refere coisas no mundo usando palavras?
O que confere sentido a um termo ou a uma frase?

Filosofia da mente
Estuda problemas metafísicos e epistemológicos dos fenómenos mentais.
O que é a mente?
O que são acontecimentos mentais?
Como interage a mente com o mundo?
Poderão as máquinas pensar?

http://www.aartedepensar.com/leit_problemasdafil.html (Texto adaptado).