quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Particle Fever





O documentário "Particle Fever" traz à vida o bosão de Higgs
O documentário é o relato fascinante e bem informado sobre a maior experiência científica do planeta, mas é também um drama real sobre a compreensão do universo.


Um novo documentário, "Particle Fever", consegue o quase impossível: torna compreensível – e empolgante – o funcionamento do acelerador de partículas LHC (Large Hadron Collider), até mesmo para os espectadores com a maior aversão à ciência. Mark Levinson, o realizador do filme, visitou o CERN, o centro de pesquisa na fronteira entre a França e a Suíça que abriga o LHC, pela primeira vez em 2007, e voltou diversas vezes até julho de 2012, quando a equipa de físicos de elite concluiu as suas duas décadas de buscas para encontrar o bosão de Higgs.
"Particle Fever" acompanha meia dúzia de personagens – entre os mais de 10 mil cientistas, de mais de 100 países – que trabalham na maior e mais cara experiência científica do planeta. O filme mostra-os teorizando, discutindo, jogando ténis de mesa.

Observer - Você disse que não acha que "Particle Fever" seja um documentário científico. O que é o filme, então?

Mark Levinson - Creio que seja sobre a busca do homem pela compreensão do universo. Eu queria fazer um filme atraente para pessoas que podem pensar que nem estão interessadas em ciência, mas que conseguem envolver-se nessa busca humana absolutamente maravilhosa. Pode ser difícil justificar o LHC em termos de despesa –mas, ainda que ele talvez não seja necessário para a nossa sobrevivência, é algo que está ligado ao que nos torna humanos e importantes.

Observer - Quando você começou a filmar, imaginava que os cientistas do CERN encontrariam a partícula de Higgs?

Não. Eu definitivamente acreditava que a partícula de Higgs, ou algo parecido, existia.
Mas que eles a encontrassem quando estávamos a filmar? Nunca imaginei. Quase todos os físicos haviam dito que encontrar o bosão de Higgs seria tão difícil que provavelmente seria necessário recolher dados durante anos. Na verdade, todos achavam que, se encontrassem alguma coisa, provavelmente seria uma nova partícula, mas não a de Higgs.

Observer - A Física parece envolver muito tempo de contemplação de números numa
tela de computador. Como tornar essa situação dramática?

Mark Levinson - Por sorte havia muito drama natural. Não tivemos de inventá-lo, só de reconhecê-lo e captá-lo à medida que  se desenrolava. 

Observer - Você está a referir-se a 2008, quando o LHC foi fechado por mais de um ano devido a um problema com os ímanes?

Mark Levinson - O acidente aconteceu cerca de 10 dias depois de ter começado a filmar. A minha reação imediata foi pensar que seria o fim do meu filme. Mas percebi que era provável que o acelerador viesse a ser reativado, e que o acontecido servisse  para conferir dramatismo ao filme. Havia muita pressão por causa do acidente, e por isso a reativação do LHC foi ainda mais tensa, bem como o resultado, que nos deixou em suspenso sobre o que iria acontecer a seguir.

Observer - No cerne do filme está o estranho elo entre a física teórica e a física experimental. Você pode explicar-nos o que está em causa nessa distinção?

Mark Levinson - O estereótipo dominante é o do físico teórico solitário, trabalhando sozinho numa sala, como Einstein, e ocasionalmente caminhando até ao quadro negro. Eles são a elite, em certo sentido, muito matemáticos e abstratos. Mas precisam de pessoas que concebam experiências com base nas suas teorias e lhes forneçam dados que os apontem na direção correta. O conflito muitas vezes surge devido às escalas de tempo distintas entre os dois ramos. Um físico teórico pode acordar de manhã e de repente apagar uma equação, reescrevendo-a em seguida. Já o físico experimental, enquanto isso, passou 10 anos a construir uma máquina para provar aquela teoria.
Tim Lewis, Observer.

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2014/04/1441238-filme-particle-fever-traz-a-vida-o-boson-de-higgs.shtml


O Conhecimento Científico


Os Gregos, na antiguidade, buscavam através do uso da razão, a superação do mito ou do saber comum. O avanço na produção do conhecimento, conseguido por esses pensadores, foi estabelecer a ciência como pensamento sistematizado (filosofia, física, matemática...), o que perdurou até ao início da Idade Moderna. A partir daí, as relações dos homens tornaram-se mais complexas bem como toda a forma de garantir a sua sobrevivência. 
Gradativamente, houve um avanço técnico e científico, como a utilização da pólvora, a invenção da imprensa, a Astronomia de Galileu, a Física de Newton, etc.
Foi no início do século XVII, quando o mundo europeu passava por profundas transformações, que o homem se tornou no centro da natureza (antropocentrismo). Acompanhando o movimento histórico, ele mudou toda a estrutura do pensamento e rompeu com as concepções de Aristóteles, ainda vigentes e defendidas pela Igreja, segundo as quais tudo era hierarquizado e imóvel, desde as instituições políticas até ao planeta Terra. 
O homem passou, então, a ver a natureza como objeto da sua ação e do seu conhecimento, podendo interferir nela. Portanto, podia formular hipóteses e experimentá-las para verificar a sua veracidade, superando assim as explicações metafísicas e teológicas que até então predominavam. O mundo imóvel foi substituído por um universo aberto e infinito, ligado a uma unidade de leis. Era o nascimento da ciência enquanto um objecto específico de investigação, com um método próprio para o controlo da produção do conhecimento. Assim sendo, ciência e filosofia separam-se. 
O conhecimento científico transformou-se numa prática constante, procurando afastar crenças supersticiosas e a ignorância, através de métodos rigorosos, para produzir um conhecimento sistemático, preciso (rigoroso) e objetivo que consiga prever os acontecimentos e agir de forma mais segura. 
Sendo assim, o que diferencia o senso comum do conhecimento científico é o rigor. Enquanto o senso comum é acrítico, fragmentado, preso a preconceitos e a tradições conservadoras, a ciência preocupa-se com as pesquisas sistemáticas que produzam teorias que revelem a verdade sobre a realidade, uma vez que a ciência produz o conhecimento a partir da razão aliada à experiência.
Desta forma, o cientista, para realizar uma pesquisa e torná-la científica, deve seguir determinados passos. Em primeiro lugar, o pesquisador deve estar motivado a resolver uma determinada situação-problema. Normalmente a colocação de um problema é seguida pela formulação de algumas hipóteses. 
Usando a sua criatividade, o pesquisador deve observar os factos, colher dados e, então, testar as suas hipóteses, que poderão transformar-se em teorias e, posteriormente, ser incorporadas nas leis que possam explicar e prever os fenómenos. 
Porém, é fundamental registar que a ciência não é somente acumulação de verdades prontas e acabadas, mas devemos vê-la como um campo sempre aberto às novas concepções e contestações sem perder de vista os dados, o rigor e a coerência e aceitando que o que prova que uma teoria é científica é o facto de ela ser falível e aceitar ser refutada. 
O termo ciência vem do latim, scientia, de sciens, conhecimento, sabedoria. É um corpo de doutrina, organizado metodicamente que constitui uma área do saber e é relativo a determinado objecto. 
O que caracteriza cada ciência é o seu objecto formal, ou seja, aquilo que é estudado, porém, o desdobramento dos objetos do saber científico caminhou progressivamente para a especialização das ciências (que marcou bastante o século XIX com o advento da técnica e da industrialização). 
http://www.geocities.com/joaojosefonseca/esquerdo.htm?200615(15/08/2006)


Quem é Higgs:

O que é o Bosão de Higgs:

Mais experiências sobre o Bosão:
https://www.publico.pt/2018/08/28/ciencia/noticia/bosao-de-higgs-visto-finalmente-a-desintegrarse-1842316


6 Tópicos sobre a Filosofia da Ciência:
https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/filosofia/seis-topicos-fundamentais-sobre-filosofia-ciencia.htm

FICHA (Download)
________________________________

Actividades:
(Trabalho de grupo - 1ª fase)
1. Levantamento de questões filosóficas sobre o documentário.(Num mínimo de 10).

2. Elaboração de um mapa mental exploratório do documentário (que deve articular as questões levantadas no ponto 1).

3. Elaboração de uma reflexão crítica sobre o documentário que assumirá a forma de uma apresentação à turma. 
3.1. Na reflexão crítica o grupo deverá responder, também, às questões:
                A. O que é que distingue o conhecimento científico e o conhecimento vulgar (senso comum)? Devem ser explorados dados constantes do documentário.
                   B. O que é que caracteriza a ciência?
                   C. O que é e como funciona o método experimental?

Duração da 1ª fase: 3 aulas.

Instrumentos de trabalho:
Como construir mapas conceptuais
O que são mapas mentais?
________________________________________

Avaliação:
1. 10%.
2. 30%
3. 60% (Destes: 3.1.A. 10%; 10.B. 10%; 3.1C. 20%).

Competências a avaliar:

Conceptualização - 15%;
Problematização - 30 %;
Argumentação - 40 %;
Comunicação - 15%.