Os elementos lógicos do pensamento (e do discurso)
São três os elementos
lógicos do pensamento: o conceito, a proposição e o argumento.
Os conceitos dão representações
mentais de objetos ou classes de objetos (tudo o que pode ser conhecido é um
objeto – podemos considerar que os objetos são elementos da realidade, encarada
como o conjunto de tudo o que existe).
As proposições são frases
declarativas . Uma frase declarativa é um enunciado verbal que diz algo
sobre a realidade (que afirma ou nega algo sobre um elemento da realidade). Por
isso as frases declarativas podem ser verdadeiras ou falsas. De facto, só as
frases declarativas podem ter valor de verdade. Por exemplo, as frases
interrogativas (‘Esta sala é grande?’) ou as frases imperativas (‘dá-me isso!’)
não podem ter valor de verdade.
As proposições são,
portanto, a expressão de um juízo. O juízo é um ato mental em que relacionamos
dois conceitos, através de uma afirmação ou de uma negação. Por exemplo:
‘O João é Inglês’.
‘Esta sala mede 20 metros
quadrados’.
‘O Benfica ganhou mais
campeonatos do que o Sporting’.
Um argumento é um raciocínio que
é composto por duas ou mais proposições. Uma das proposições é a conclusão, que é o ponto de chegada do
argumento, é, por isso, a tese que se procura provar através do
argumento.
A conclusão é
derivada de uma ou mais proposições, a que chamamos premissas. As premissas são proposições que sustentam a conclusão.
Se queremos defender uma tese (opinião) temos que a justificar usando premissas
verdadeiras (e com força persuasiva).
A identificação das premissas e da conclusão faz parte dos procedimentos que permitem detetar se um
argumento está ou não bem construído.
Identificadores
de Premissas
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Quando analisamos um argumento,
devemos separar, de forma bem visível, as premissas e a conclusão:
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se …
dado que…
pela razão de que …
porque …
pois que …
atendendo a que …
pelo facto de …
como …
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Todos os homens são mortais
Sócrates é homem__________
Logo, Sócrates é mortal
Todos os piratas são criminosos
Todos os criminosos lesam a sociedade
Todos os indivíduos que lesam a sociedade devem ser presos
________________________________________
Logo, Todos os piratas devem ser presos
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Identificadores
de Conclusão
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então …
logo …
daqui se infere …
portanto …
assim …
por isso …
verifica-se …
consequentemente
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A validade e a verdade
A validade é uma característica dos argumentos.
Um argumento válido é
um raciocínio que está bem estruturado (em termos formais), ou seja, que não
viola nenhuma regra lógica. Por exemplo, se um argumento contiver uma
contradição, será inválido, o mesmo acontece se a conclusão não se seguir das
premissas.
Os argumentos são
válidos ou inválidos, a verdade não é uma propriedade dos argumentos.
A verdade é uma característica das
proposições.
Uma proposição é verdadeira
se estiver de acordo com a realidade, é falsa se estiver em contradição com a
realidade.
Os
Princípios Lógicos da Razão:
1. Princípio da Identidade:
i. ‘Cada objeto é
igual a si próprio.’
ii. ‘Cada proposição
é equivalente a si mesma.’
2. Princípio da não-contradição:
i. ‘Uma coisa não pode ser e não ser ao
mesmo tempo, de acordo com a mesma perspetiva.’
ii. ‘Uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa ao mesmo tempo, de acordo com a mesma perspetiva.’
3.
Princípio
do terceiro excluído:
i.’Uma coisa é ou não
é, não há uma terceira hipótese.’
ii. ‘Uma
proposição é verdadeira ou falsa, não há uma terceira hipótese’.
4. Princípio da Razão Suficiente:
i.’Tudo o que
acontece tem uma causa’.
ii.’Nada acontece sem
razão’.
iii.’Tudo o que
acontece pode ser explicado racionalmente’.
Argumentos sólidos:
São argumentos
válidos que têm as premissas verdadeiras que, por essa razão, garantem a
verdade da conclusão (ou permitem sustentar um alto grau de probabilidade da
conclusão ser verdadeira).
Nas nossas
argumentações devemos procurar construir argumentos sólidos.
Critérios para analisar a solidez dos argumentos:
· Os
argumentos têm que ter uma ou mais premissas e uma conclusão.
· A
conclusão deve ser derivada das premissas.
· O
argumento tem que estar bem estruturado (deve estar de acordo com os princípios
lógicos).
· As
premissas devem ser verdadeiras.
· Se
as premissas forem verdadeiras a conclusão não pode ser falsa (mesmo que se
descubram posteriormente factos que ponham em causa a verdade da conclusão ou
de alguma das premissas, no momento em que o argumento é formulado nenhuma das
proposições que o compõem pode ser falsa).
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