quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Como tratar a informação escrita

Níveis de leitura
Objectivos
Estratégias

Global
Adquirir uma ideia global do conteúdo do texto.
Orientar(-se)
Questionar
Compreensiva
Compreender o conteúdo (em filosofia: o problema, a tese, as teorias, os argumentos).
Questionar
Analisar
 (análise compreensiva)             
Crítica
Comparar o que o texto transmite com as nossas próprias informações e ideias.
Questionar
Analisar (análise crítica)             
Reflexiva
Elevado nível de compreensão, capacidade crítica e reflexão.
Questionar
Analisar (anal. reflexiva)             
ESTRATÉGIAS ORGANIZADORAS DA LEITURA
Orientar(-se) A primeira abordagem que o aluno faz ao texto é para se orientar. O aluno deve situar-se, quer seja para se motivar para a leitura, quer seja para se inteirar sobre o assunto de que trata o documento escrito a estudar (ficha, livro, texto, etc.). A primeira coisa que devemos fazer quando nos propomos ler um texto é ter uma ideia global do que ele contém (orientarmo-nos na leitura).
·       O que é que vou ler? Qual o tema ou assunto? Parece difícil? O que é que eu já sei disto?
·       Como é que fico a saber antecipadamente o que é que vou ler? Leitura global, rápida, “por alto”, “em diagonal”, a “varrer” o texto. Não é para perceber tudo, é para ter uma ideia geral. Dar atenção a títulos e subtítulos, índices, letras destacadas. Dar também uma olhadela (sem se perder) às imagens, esquemas, gráficos, mapas, notas. Se os houver, claro.
Questionar Outra estratégia organizadora fundamental consiste no questionar. Ao questionar-se sobre os aspectos mais relevantes do texto, o aluno vai formulando e testando hipóteses, o que, para além de ajudar a estabelecer objectivos e a organizar a informação, lhe permite a auto-avaliação do seu processo de assimilação e compreensão do texto. Devemos questionar o texto antes de iniciar a leitura, durante a mesma e no final.
·       Como questionar? Questionar o quê? Para a leitura ser feita com concentração e interesse, para os conhecimentos serem integrados e a memorização facilitada, o aluno deve pensar enquanto lê.
·       Pensar enquanto lê significa perguntar-se:
ü  Vou ler o texto para quê?
ü  Que utilidade tem a leitura do texto?
ü  O que procuro no texto?
ü  Qual é o objectivo da tarefa de que faz parte a leitura do texto?
ü  O que já conheço do assunto?
ü  Como se relaciona o que já sei com o que procuro no texto?
Analisar Depois dos alunos se terem orientado e começado a questionar sobre o que encontram no texto, só o compreendem fazendo uma análise do material. Conforme o tipo ou nível de análise que se pretende fazer, existem diferentes tipos de leitura.
·    Análise compreensiva para conhecer e compreender todo o texto. Identifica-se o assunto do texto. Distinguem-se as ideias principais das ideias secundárias, na linha de desenvolvimento do texto. Num texto filosófico: identifica-se o tema, o problema, a(s) tese(s) e teoria(s), e os respectivos argumentos.
·       Análise crítica para comparar a informação que o texto nos dá (ou as posições nele defendidas) com os conhecimentos e ideias que já possuímos sobre o assunto. “O que é que eu penso do que li?” Claro que esta crítica só é possível após a análise compreensiva bem sucedida (quando criticamos um texto que não percebemos… estamos a criticar outra coisa qualquer, não o que está no texto!). Num texto filosófico: comparar teses e teorias, comparar os respectivos argumentos, contra-argumentar, refutar.
·       Análise reflexiva é uma leitura crítica mais profunda. Só pode ser feita por quem tenha experiência de vida e/ou conhecimentos prévios sobre o tema que está a ler e capacidade de comparar informações antigas e novas, provas, fundamentos e consequências das teses apresentadas. “Face ao que eu já sabia, o que me traz de novo o que li?” É neste plano que se situa a actividade filosófica propriamente dita. É treinando este tipo de análise que começamos a filosofar.


Técnicas de leitura
Para quê? Como?

Sublinhar é colocar traços e outros sinais debaixo de certas palavras que se deseja destacar do texto.

·       Para quê? Concentrar a atenção no que é essencial.
·       Distinguir as ideias principais e secundárias.
·       Descobrir a estrutura lógica do texto (problema(s), tese(s), argumento(s), contra-argumento(s))

Como sublinhar?

·       Não sublinhar numa primeira leitura (leitura global). Seria um obstáculo à leitura posterior.
·       Não sublinhar em excesso. Invalidaria o acto de sublinhar.
·       Evitar as tintas, preferir o lápis. Permite corrigir trajectórias de leitura.
·       Ter o dicionário à mão. Não compreender um termo pode inquinar a compreensão do texto.
·       Sublinhar as ideias do texto, consoante a sua importância dentro do que é exposto. Valor da ideia no desenvolvimento do texto (ideia principal ou ideia secundária), valor lógico da ideia (é o problema? é a tese? é um argumento?).
·       Podem utilizar diferentes tipos de enunciados para os diferentes valores das ideias.

Parafrasear é escrever ou dizer por palavras suas o que outra pessoa disse ou escreveu, mantendo uma total fidelidade ao que foi dito, nada acrescentando ou tirando.


Parafrasear é uma das formas de interpretar o pensamento de um autor. Quando não conseguimos parafrasear, quanto maior for a dificuldade de dizer por palavras nossas o que lemos, mais longe estaremos de compreender bem o texto.


Para quê?

·       Para sabermos (e saberem) que compreendemos o que lemos. O texto torna-se “nosso”.
·       Para ajudar na elaboração de um resumo ou de um comentário ao texto.

Como parafrasear?

·       Pensando “no que o autor quer dizer” naquele trecho, nunca o desligando do contexto.
·       Encontrando palavras e frases equivalentes às do texto, sem repetir ou copiar as que lá estão.



A diferença entre parafrasear e citar: ao citar, repetimos as palavras do texto tal e qual como foram ditas. Nesse caso colocam-se as palavras, do autor, entre aspas). 



Resumir é dizer ou escrever em poucas palavras o conteúdo do texto. Significa que se respeita o texto mas apenas no essencial. Resumir é sinónimo de abreviar e sintetizar. 



Para quê?
·       Para distinguirmos o que é mais importante no texto.
·       Para compreendermos melhor o conteúdo do texto.
·       Para sentirmos e demonstrarmos que dominamos o assunto.
·       Para disciplinar o pensamento e facilitar a organização do estudo.


Como resumir?

·       “Regra de ouro”: ler e compreender bem o texto antes de resumir.
·       Nunca tentar fazê-lo logo na primeira leitura, nem à medida que se vai lendo.
·       Incluir apenas as ideias principais.
·       Apresentar as ideias pela ordem que surgem no texto e correctamente ligadas entre si. Expressar-se por palavras suas (usar sinónimos).
·       Utilizar termos gerais para designar conjuntos de objectos, factos ou acções.

Ana Ávila da Silva / Florbela Veríssimo Pires, Maleta de Filosofia

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